Há muitas luas passadas, eu me encontrava em um debate na Associação Brasileira de Escolas Médicas (ABEM), em Brasília, quando um professor já de cabelos brancos e muito observador me perguntou:
– Você não é Valdez, professor e afamado conferencista da gloriosa turma de Médicos de 1974 da Faculdade de Medicina da Universidade Federal do Maranhão?
Na hora, o reconheci: tratava-se de um dos meus louvados e estimados professores da F.M.-U.F.Ma., Carlos Borges. Respondi-lhe:
– Tirando o afamado, sou eu mesmo, professor, e com muita honra fui seu aluno.
E ele completou:
– Gloriosa turma, sim, pois dela saíram médicos competentes e dedicados nos mais diversos ramos da Medicina, além do prefeito de São Luís, Tadeu Palácio, o reitor da Universidade Federal, Fernando Ramos, e os deputados estaduais Juarez, Wilson e Chico Martins.
Fiquei muito feliz com aquela declaração sincera e amiga do grande professor Carlos Borges. Com certeza, foi graças à sua influência de grande mestre que muitos amigos-irmãos da Medicina de 1974 abraçaram a clínica em suas mais diversas áreas: clínica médica, pediatria, neurologia, nefrologia e psiquiatria.
Neste dezembro de 2024, a “gloriosa” comemora seu jubileu de ouro. É tempo de história, de memórias. Sabemos que, para a Filosofia, a memória não é apenas recordar, mas uma das formas fundamentais da existência humana, retratando a relação das pessoas com o tempo.
Para o filósofo grego Aristóteles, a memória é uma atividade incorporada, sendo de capital importância. Ela é ao mesmo tempo uma operação cognitiva e um estado orgânico. É a partir das vivências e escolhas que se fazem ao longo da vida que se constrói a essência humana. Santo Agostinho segue nessa linha ao ressaltar que a memória tem um papel fundamental na manutenção da nossa identidade. Ela evidencia nosso pertencimento ao tempo. Isso reforça o que afirmou Martin Heidegger: existir é temporalizar-se, e a existência é determinada pelo tempo.
Decorridas tantas décadas, recordamos com carinho os irmãos que foram sonhar na outra dimensão, como o inesquecível Manoel Bastos, o “Manequinho”, sempre alegre e brincalhão. O certo é que eles continuam conosco, na casinha do nosso bem-querer, apenas “do outro lado da vida”, como dizia Santo Agostinho.
E aqui, no nosso planeta de expiação e dores, permanecem a espalhar fraternidade e a honrar a excelsa Medicina todos os que ainda estão conosco: Lila e Thompson, Teresa e Jair, Aciolina e Moreirinha, Socorro Veras, Socorro Cunha, Mocinha, Simone, Ferdinando, Fernando Ramos, Tadeu, Reijane, Chico Martins, Wilson, Pará, João Hernani, José Luis, Valois, Juarez, Janari, Conceição, Miriam, Moisés, Saraiva, Naldirene, Lucidalva, Verinha Paiva, Ademar, Cirano, Graça e tantos outros cujos nomes não posso citar aqui, devido às restrições de espaço do jornal.
Elevamos nossas preces ao Criador por tudo o que nos foi concedido: o dom da vida, o privilégio de exercer a sublime profissão de médico com discernimento e fraternidade, as famílias que construímos e as amizades que conquistamos.
Salve, querida turma gloriosa! Louvado seja Deus, que pinta de branco os lírios da campina e enche de sangue os corações das rosas!