Pesquisa em avanço
Um biomédico brasileiro está liderando uma importante pesquisa que já está mudando radicalmente a forma de combater as células de câncer. A luta contra o câncer é sempre uma árdua batalha para eliminar células que começam a se multiplicar desordenadamente, gerando tumores e outros danos no organismo. Matar essas células doentes é o principal objetivo dos tratamentos tradicionais conhecidos, como a quimioterapia, a radioterapia e a cirurgia.
Mas há alguns anos, o biomédico brasileiro Matheus Henrique dos Santos Dias (Doutor em Bioquímica pela Universidade de São Paulo/2012, Bacharel em Biomedicina pela Universidade Bandeirante de São Paulo/2005, com experiência na área de Bioquímica e Biologia Molecular, atuando principalmente nos temas: Proliferação e Ciclo Celular e Bases Moleculares do Câncer. Pós-doutorado no Instituto Butantan e, há cinco anos, pesquisador no Instituto Holandês do Câncer em Amsterdã) tem atuado numa pesquisa que está desvendando uma nova abordagem da multiplicação celular em organismos com tumores cancerígenos.
Multiplicação celular
“A quimioterapia convencional mata indistintamente células que estão se dividindo, sejam elas células sadias, sejam elas células neoplásicas ou cancerosas; mas as sadias são mais fortes e conseguem se recuperar, enquanto as neoplásicas, as cancerosas, acabam morrendo”, explica o doutor Jorge Sabbaga, médico do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo e ex-professor do biomédico.
Quando diagnosticada no início ou quando a doença é menos agressiva, a chance de sucesso é imensa, mas o câncer torna-se desafiador quando se espalha e resiste a todas as terapias aplicadas. E é para esses casos que uma conduta inovadora vem avançando com a ajuda do cientista brasileiro. Para frear a doença, os pesquisadores do grupo do Dr. Matheus fazem o oposto dos tratamentos convencionais: aceleram tanto a multiplicação das células que elas acabam estressadas e terminam morrendo.
“Se a gente imaginar que as células de câncer são carros que estão andando um pouco rápido demais, o que estamos tentando fazer é, ao invés de parar esses carros, dar para eles combustível de foguete. Assim, eles acabam superaquecendo e colapsando. Ao mesmo tempo, introduzimos uma segunda medicação, que age como se desligasse o sistema de refrigeração, resultando em um carro superaquecido que não consegue se resfriar”, explica o Dr. Matheus Dias.
Testes e aplicação
Os testes em pacientes na Holanda devem começar já no início do ano que vem. Segundo Matheus, o caminho ainda é longo, mas ele e muitos médicos já enxergam um horizonte promissor adiante.
“É necessário de três a cinco anos, pelo menos, para que isso chegue a um hospital, se vier de fato a funcionar. Vamos testar uma única combinação agora em tumores de intestino, mas a abordagem que estamos propondo, esse novo jeito de ver o tratamento, pode ser aplicado em diferentes tipos de câncer e com diferentes drogas. Estou muitíssimo animado e vejo outras pessoas, grupos e até indústrias farmacêuticas também pensando em câncer através dessa nova perspectiva”, afirma Matheus.