Jornal Tribuna do Norte

Generic selectors
Exact matches only
Search in title
Search in content
Post Type Selectors

Saberes essenciais

Ricardo Estevão é escritor, jornalista, professor de redação e membro da Academia Pindamonhangabense de Letras

“Só os profetas enxergam o óbvio,” já dizia o cronista Nelson Rodrigues. Sim, a solução de problemas aparentemente insolúveis pode estar na identificação de obviedades. Pois bem, para a escrita de um texto eficaz no Enem, é necessário o domínio de três saberes essenciais: O QUE dizer, COMO dizer e DIZER.

Inicialmente, a proposta de texto exige que o aluno desenvolva uma análise crítica acerca de determinado problema social presente no Brasil contemporâneo. Em outras palavras, é preciso encontrar O QUE dizer sobre o tema proposto. Para isso, há três caminhos a serem percorridos.

Primeiro, a leitura atenta da frase temática e dos textos motivadores (eles trazem informações sobre o tema e suas implicações, sugerindo percursos argumentativos e ideias para a proposta de intervenção – exigência do último parágrafo).

Em seguida, a formulação de perguntas sobre o tema. Por que isso acontece? Essa pergunta investiga as causas do problema. O que isso provoca? Tal questão busca as consequências do entrave. Qual a importância do que está sendo negligenciado? Esse questionamento visa encontrar direitos fundamentais que estão sendo precarizados. Desde quando isso acontece? Para a investigação das raízes históricas da problemática. Enfim, o tema pode suscitar muitas perguntas – e é bom que seja assim, pois elas são o ponto de partida da análise argumentativa exigida.

O terceiro caminho consiste na busca de repertórios socioculturais para a fundamentação das respostas, ou seja, a comprovação das ideias apresentadas, pois o discurso dissertativo-argumentativo possui finalidade persuasiva: há que convencer o leitor de que a análise desenvolvida é válida, por isso, crível e considerável. E o que vale como repertório? Tudo aquilo que compõe a bagagem cultural do aluno: livros, filmes, séries, músicas, além, é claro, dos conteúdos estudados ao longo de sua formação, com destaque para o pensamento de grandes autores acerca de temáticas universais.

Após encontrar O QUE DIZER, vem o desafio de saber COMO fazê-lo. O primeiro passo é dominar a estrutura textual – melhor dizendo, a macro e a microestrutura do discurso dissertativo. A macroestrutura é uma velha conhecida: o texto é composto de três partes – introdução (um parágrafo), desenvolvimento (dois parágrafos) e conclusão (um parágrafo). Sim, a dissertação ENEM consagrou essa formatação do discurso em quatro parágrafos. Já a microestrutura envolve os movimentos discursivos (ou ações discursivas) de cada um desses parágrafos.

Tais movimentos merecem ser detalhados. Na introdução, são três: contextualizar o tema, ligar com o recorte temático (o problema) e finalizar com a apresentação da tese (a opinião, preferencialmente acompanhada dos dois argumentos que serão desenvolvidos ao longo do texto). No desenvolvimento, quatro ações: abrir com tópico frasal (o argumento); trazer repertório para fundamentação; fazer a análise, associando o repertório à problemática; fechar o raciocínio desenvolvido, normalmente ligando-o à tese defendida. Há a possibilidade de trazer a análise antes do repertório, vale pontuar. Na conclusão, três movimentos: reforçar a tese e/ou a necessidade de medidas interventivas; apresentar a proposta de intervenção, contendo os cinco elementos exigidos (agente, ação, modo, finalidade e detalhamento); e, se ainda houver linha disponível na folha de texto (são 30 ao todo), elaborar uma frase conclusiva, possivelmente resgatando a contextualização inicial.

Importante: todos esses movimentos devem estar articulados – por isso, é imprescindível o uso de conectores de texto (conjunções, advérbios, pronomes, expressões resumitivas, etc.), explicitando a relação existente entre eles.

Finalmente, sabendo O QUE dizer e COMO DIZER, só falta DIZER, habilidade que sublinha, evidentemente, a necessidade do domínio da norma padrão escrita da língua. Aqui, entram os indispensáveis conhecimentos gramaticais e a escolha de palavras. Como dominar tudo isso? Praticando os verbos destacados na última coluna: querendo, vendo, lendo e… escrevendo. Obviamente!

    Para escrever bem: na vida e no Enem

    cmcmultimidia
loader-image
Pindamonhangaba, BR
09:21, am, dezembro 21, 2024
temperature icon 24°C
nublado
Humidity 83 %
Wind Gust: 0 Km/h

Notícias relacionadas

Edital 10200

Edital 10200

20 de dezembro de 2024
Edição 10200

Edição 10200

20 de dezembro de 2024
Encerramento com chave de ouro

Encerramento com chave de ouro

20 de dezembro de 2024

Categorias

Redes Sociais