Edmund Husserl foi um Filósofo e Matemático Alemão (1859-1938), considerado o pai da Fenomenologia a qual procura entender o mundo a partir de como se manifestam os fatos (aqui denominados fenômenos), como eles aparecem na consciência humana que é o responsável por oferecer sentido às coisas.
Esse importante Filósofo, que foi influenciado por Kant, Descartes e Brentano e exerceu influência em vários Filósofos como Martin Heidegger, Paul Ricoeur, Sartre, Merleau Ponty, Jacques Derrida e Edith Stein, entre outros, afirmava que a consciência é a base de toda experiência humana, e ela é INTENCIONAL, sempre se dirige a algo além de si mesma.
Esse tipo de Filosofia, a FENOMENOLOGIA, permite uma nova visão da dinâmica da consciência, da linguagem e oferece significados importantes das relações de si mesmo e do outro. O modo de “pensar fenomenológico” nos conduz a interrogar sobre algo que nos inquieta, não tomando os fatos como verdades já estabelecidas (sobretudo pelas ciências positivistas) mas procurando uma análise profunda.
Para isso, tem que existir a intersubjetividade no compartilhamento de experiências conscientes e comunicados entre diferentes pessoas, apesar das diferenças individuais entre elas, com a grande finalidade de se atingir uma compreensão mais ampla do fenômeno entendido como algo que se manifesta, não esquecendo que o maior deles é o SER HUMANO.
Complicado? Vejamos um pequeno exemplo: eu e você estamos tomando um cafezinho, temos, por conseguinte, ideias diferentes no que se refere ao sabor, temperatura, sensação física, lembranças, que podem ser discutidas, analisadas e chegarmos à conclusão se é salutar ou não. Assim, apreciamos um fenômeno, suspendendo crenças, suposições, inferências prévias, pois tentamos nos ater às experiências em si mesma.
E, esse pensar é importante? A nosso ver, é importante sim, em especial na Educação, pois concede ao Professor tocar o ser que se desvela: o aluno, seu modo de ser, seu contexto de existência, seus limites, suas possibilidades de vir a ser.
Dessa maneira, vamos entender que a FENOMENOLOGIA foca em compreender e aprofundar a experiência do aluno em sala de aula, e fora dela também, buscando entender como os alunos experimentam o aprendizado, e como esses processos de aprendizagem são influenciados por fatores como Cultura, Relações Sociais e Contexto Histórico.
Resumidamente: no “pensar fenomenológico” o interesse está com todas suas luzes voltado à descrição detalhada na experiência, longe de julgamentos pré-estabelecidos, como já abordamos anteriormente, com vistas a descrever a tal da experiência na sua forma mais pura, com a esperança de acessar sua essência.
Tal foi nosso intuito quando, nos idos de 1995, apresentamos a nossa Tese de Doutorado na Universidade de São Paulo: “Gravidez na Adolescência: uma abordagem Fenomenológico – Hermenêutica à luz de Heidegger”. O ilustre brasileiro, o Mestre Paulo Freire, com quem conversei longamente sobre esse palpitante assunto, a quem ofereci um exemplar da Tese, assim se manifestou: “Meu conterrâneo Nordestino, louvo o seu gigantesco trabalho. Você foi, com muita propriedade e sabedoria, do Fenômeno (Gravidez) ao Ser Humano (jovens grávidas)”. Ele bem entendeu o que eu escrevi!
Valeu a pena todo penoso esforço que consumiu anos de Pesquisa e Estudos! E…. viva a Fenomenologia!