Estamos vivenciando mais uma Olimpíada, uma época que torcemos muito por nossos atletas, que tentam levar a nossa bandeira ao posto mais alto do pódio. Uma época de superação, onde milésimos de segundos podem separar o lugar mais alto do pódio da quarta colocação, onde sequer o outro competidor terá a honraria de subir e ver sua bandeira erguida.
Mas você já parou para pensar, será que os atletas sentem dor? O que difere um do outro? Claro, existem questões técnicas que diferenciam a capacidade de cada um, contudo muitas teorias podem cair por terra quando tentamos enfatizar que o modo de vida, o desenvolvimento de cada pessoa o torna um atleta de ponta.
O treinamento é a base para o sucesso de qualquer atleta. Para competir em nível olímpico, é necessário um regime de treinamento intenso e disciplinado, em sessões que podem durar várias horas por dia, em até seis dias por semana. O que vai definir se um indivíduo é um atleta e não apenas um esportista é o nível de exigência da sua rotina de treino, o tempo dedicado por ele para aperfeiçoar sua técnica, sua condição física, os objetivos que busca alcançar com as práticas, além de sua alimentação, suas noites de sono, seu descanso, e sua resistência à dor!
Sim, atletas sentem dor, e muitas vezes elas são diárias. O exercício físico é sadio, sempre enfatizo em minhas escritas, consultas e conversas, mas a diferença entre o esportista e o atleta se dá principalmente no quanto você suporta sua dor, tenta superar seus limites corporais para chegar ao nível dos melhores. Infelizmente, nesta parte digo que o exercício deixa um pouco de ser sadio, pois um atleta sofre muito com lesões ao longo da vida, muitas que se tornarão crônicas, mas para os objetivos serem atingidos ele precisará superar a dor.
A prática regular de exercícios físicos, de modo geral, colabora para a redução da sensibilidade à dor e os exercícios de resistência são apontados como os principais moduladores dessas respostas analgésicas. Parece exagerado, mas para atingirem seus objetivos os atletas decidem sentir dor! Mas é importante ressaltar que nem sempre as experiências de dor indicam condições físicas prejudiciais, que sempre causarão lesões ou comprometimentos aos treinamentos e competições.
Quando se trata do atleta, a percepção de dor aparece num contexto diferente e, se comparado com indivíduos com dor crônica, podemos perceber que, muitas vezes, é uma escolha, ou seja, a dor é voluntária e autoprovocada, muitas vezes, por treinamento rigoroso e competições exaustivas. Por definição, dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada, ou semelhante àquela associada, a uma lesão tecidual real ou potencial.
Num estudo recente, foi observado que atletas envolvidos com esportes de contato como lutas, futebol e rúgbi, podem ter maior tolerância à dor do que atletas de outras modalidades. O fator psicológico parece influenciar nesses casos, onde os dados mostram que atletas destas modalidades se queixam menos e estimulam os mecanismos de enfrentamento da dor. Com isso concluímos que, apesar de desagradável, a sensação de dor é algo presente no cotidiano de praticamente todas as pessoas, o que varia é o nível de intensidade, a tolerância que cada um indivíduo suporta.