Colaboração – Maura Lidia do Vale
Quem nunca se emocionou ao ouvir a toada da viola caipira? Símbolo da cultura caipira, a viola é um instrumento que traz consigo histórias e misturas de culturas e que, ao longo dos anos, esteve ao lado do produtor rural, nas chamadas “rodas de viola”, quando ainda tocavam gado, ou simplesmente, após um dia de lida dura nos sítios e fazendas.
Em Pindamonhangaba, o Sindicato Rural de Pindamonhangaba, em parceria com o sistema Faesp/Senar-SP, oferece o Programa que, além de formar novos músicos de diferentes idades, promove integração social. Em apenas dois meses de aula, os alunos já se apresentam e já conseguem tocar três ritmos na viola. Mais que uma aula de música, durante os encontros, os alunos trocam experiências e o convívio social é transformador.
O grupo se apresentou no Sarau da Biblioteca Municipal “Ver. Rômulo Campos D’Arace”, mostrando um pouco do trabalho que está sendo feito durante as aulas. Entre as músicas apresentadas, estão os clássicos: Chico Mineiro, Cuitelinho e Chalana.
A aluna Clarice Marques Salgado participou do programa de acordeon e, quando soube do programa de viola, já garantiu sua vaga. “Eu acho muito interessante poder resgatar essa cultura da tradição caipira. Quando soube do curso, já comprei a viola para participar das aulas, não sou nenhuma instrumentista ainda, mas, com o auxílio do professor, estou aprendendo bem rápido e estou adorando”, comemora.
Para o músico e instrutor Luiz Stéfano Vieira Filho, com o método certo e respeitando o ritmo de cada aluno, é possível o aprendizado do grupo. “O segundo módulo terminou em agosto, no total de cinco módulos. Como temos alunos em diferentes estágios, pessoas que já tocam violão e quem ainda está começando na viola, temos que respeitar o andamento, e começamos sempre com o ritmo da toada, e com a música Chico Mineiro, que é mais fácil de tocar. Com dois meses de aula, já estão tocando três ritmos e cinco músicas”, destaca o instrutor.
Antes de ganhar destaque nas áreas rurais, a viola caipira foi usada pelos jesuítas para catequizar os indígenas e, ao longo do tempo, foi se adaptando às características musicais e culturais do Brasil, com novas técnicas de construção e afinação, sendo, inclusive, confeccionada com madeiras nativas, como cedro e ipê. O instrutor costuma brincar com os alunos: “O violeiro passa 50% do tempo afinando a viola e outros 50% tentando não desafinar”. Brincadeiras à parte, as aulas respeitam um método em que os alunos aprendem de forma tranquila. “Como já mencionei, temos que respeitar o processo de aprendizado de cada aluno, pois, mesmo a viola sendo um instrumento mais difícil, temos resultados positivos com os alunos”, salienta.
Para Marco Antônio Faria, o objetivo com o curso é aprender a tocar mais um instrumento. “Sempre toquei violão e queria aprender viola. As aulas são ótimas e o grupo é bem bacana. O instrutor explica com muita técnica. Estou muito feliz”.
“Eu venho da zona rural e de uma família de músicos, conheci a música com cinco anos de idade e nunca havia tocado nenhum instrumento. E agora, com 70 anos, decidi aprender. Meu objetivo é aprender para tocar nos aniversários dos meus netos e bisnetos”, explica o aluno Luiz Vieira.
Para Carlos Alberto Faria Raposo Lopes, o programa de viola é uma importante ferramenta para a transformação social. “É meta do Sindicato Rural promover o desenvolvimento do produtor rural e a viola caipira é um forma de se conectar com a história e com a cultura, fortalecendo a troca de experiências entre eles”, conclui.