Nesses tempos tão tumultuados em que vivemos, num mundo frenético de difícil convivência, e que parece que o inferno são os outros”, como afirmou certa vez o filósofo Existencialista Francês Jean Paul Sartre, é importante refletir sobre a paciência em nosso processo existencial e essencial. A tecnologia criou a expectativa do imediatismo, que é um sistema fechado e que resulta fatalmente em frustração.
A palavra paciência vem do latim, “Patientia”, que é derivada do verbo “patior”, significando sofrer. Daí entendemos que o contrário dela não é a pressa, mas o desespero, a rudeza, a intolerância. Paciente é aquele que sofre, o que padecimento da espera, da esperança ou do desespero. Evitar essa dor é o que nos torna impacientes.
Extremamente protetora, essa virtude permite atravessar situações adversas sem fraqueza. Ser paciente é domesticar as nossas paixões, o que significa afirmar que devemos ter a consciência clara de que se torna imperioso recapacitar, reorganizar os tempos e as prioridades. Refletir nunca é tarde, considerando o que afirmou Santo Agostinho em “DE PATIENTIAE (“A respeito da paciência”): “A paciência é companheira da sabedoria”.
Zenão de Cício, Filósofo Grego que fundou o estoicismo, oferecia aos seus discípulos, como regra, a PACIÊNCIA, considerada a suprema sabedoria. A virtude da paciência está diretamente ligada à moderação, mansuetude de alma, concedendo perseverança, constância e coragem nos embates da vida.
Sempre é bom lembrar que o célebre escritor francês Jean de La Fontaine (1621-1695) colocava com todas as letras: “Não confunda a paciência, a coragem da virtude, com a estúpida indolência de quem se dá por vencido”. Ter paciência é possuir a virtude de saber esperar, sinal de sabedoria apoiado na inteligência e na compreensão das coisas.
Sobretudo, controlar o nosso desejo de dominar e desrespeitar o próximo. Sua base é o autocontrole emocional que nos proporciona energias para suportar situações desagradáveis, injúrias, tornando-nos tolerantes ante situações e fatos indesejáveis. Ser paciente é reconhecer o fato de que cada pessoa tem seus mecanismos psíquicos para adquirir forças para carregar os fardos da vida.
Sabemos que todo impaciente em demasia é, por extensão, um fascista que ignora a noção de que cada coisa tem seu tempo e tem como única finalidade impor ao outro o seu ritmo existencial, o que é uma expressão clara de violência. E a falta de paciência, no sentido de não respeitar o ritmo e o tempo do outro que, por certo, irá exercer nele uma força extraordinária, com peso excessivo, o que produz o seu aniquilamento, não é uma expressão cruel de violência que provoca dores e sofrimentos atrozes?
A leveza da vida é ter muita paciência, mesmo porque não possuímos conosco o poder de paralisar o fluir do tempo, até mesmo naqueles momentos intensamente agradáveis que nos trazem a experiência da eternidade. Torna-se capital afirmar a vida em suas contradições e com suas contradições, tendo a sabedoria de compreender o que podemos mudar ou não e coragem para nunca nos acovardarmos ante os fatos que podemos e devemos transformar.