Hoje eu vou falar de uma pessoa muito especial. Pequenininha por fora mas, interiormente, imensa: a Lailinha, a Laila Gama. Ela é um dos mais significativos frutos do movimento teatral do qual temos falado, o teatro do fim do século passado e início desse.
Ela começou no Quintal das Artes com a Rosana Paganni. Tinha 10 anos. Se aventurou no teatro para perder a timidez. Fizeram “Marcelo, Marmelo, Martelo” e a paixão foi avassaladora.
Segundo ela, “De Repente Adolescente” foi uma grande mudança na sua vida, era o teatro lhe dando suporte, construção para ser quem ela se sente hoje. No Quintal das Artes descobriu e se apaixonou pela nossa cultura; conheceu o FESTE, o teatro da COOTEPI com suas arquibancadas de madeira e seus espetáculos…
Embora sem idade suficiente para assistir, conheceram as histórias e repercussões de “A Barca do Inferno”, “Apocalipse”, “Santo Inquérito”, “B em Cadeira de Rodas”, enfim, da grande obra realizada em Pinda.
“A gente era muito fã, eram a grande motivação para quem estava querendo fazer teatro. Grandes lembranças… os cavaletes na praça divulgando o teatro, o FESTE…”
Fez teatro na escola. Quando acabou fez um abaixo assinado para retornar, mas não adiantou…
Para se aprimorar fez várias oficinas de teatro. “Minha mãe sempre junto, me levando para tudo quanto é curso de arte.”
Foi fazer teatro com o Victor Narezi e algumas coisas se clarearam: no Duende de Papai Noel percebeu que era mais sério, profissional, remunerado.
E o Victor a levou para outros trabalhos: Emília, palhacinha, lojas infantis, portas de lojas, projetos sociais, Projeto Nosso Bairro.
A primeira peça adulta foi “La Maldicion”; depois a “Missa Leiga”. “A Missa foi sensacional, revolucionária! Fomos pra São Paulo, selecionados para o Projeto Ademar Guerra; representamos Pinda no Mapa Cultural. Foi maravilhoso!”
Fez Educação Artística na FASC; Pós: Linguagens Artísticas Integradas, na Unitau; e a Universidade Holística. Conheceu a Arte do Vale em 2012. Dava aulas de danças populares ali e de teatro no projeto “Eu Faço Teatro” (COOTEPI/Departamento de Cultura).
Em 2013 organizou o primeiro Sarau Patchô, que virou a Casa Patchô. Ali começou a dar aulas, o que impulsionou a sua carreira.
Formulou MEI e começou a participar das Conferências, Comissões e Fóruns de Cultura. Os diversos trabalhos institucionais, a “La Maldicion” e outros foram uma escola que lhe deram muito mais tarimba e reconhecimento como atriz.
A mãe, que sempre a acompanhou bem de perto nas suas atividades, em 2014 faleceu e ela ficou sozinha.
Na Casa Patchô criou o grupo Severina, logo após ater feito uma oficina na S.P. Escola de Teatro, em São Paulo. A primeira montagem foi a “Baba Yaga” (2016), depois a “Bernarda” onde o grupo começou a ser conhecido como companhia de protagonismo feminino.
Essas Brincadeiras no Quintal, os Saraus Temáticos, a Severina (uma ode ao artista do interior, ao “faz tudo”) possibilitou o fazer teatral e a ser referência aos novos atores, assim como os antigos tinham sido para eles.
A preocupação da Severina, da Casa Patchô, hoje, é a de serem locais de preocupação em incentivar na formação desses jovens.
“Eu só fiz teatro na minha vida, aprendi com a Rosana Paganni que dizia que tem que ser teimoso e não desistir nunca.”
Hoje olham mais para a formação; aos projetos de bolsa para os estudantes, ao transporte para as áreas periféricas, ao incentivo para fazer projetos culturais, abrir caminhos.
“Nos preocupamos em proporcionar o que nos foi proporcionado no começo: oportunidade de vir, oficinas (sombras, bonecos, dança teatro, performance, enfim…) Eu fico muito feliz de poder ser esse ‘fio forte’ do teatro de Pinda. Esse teatro com as experiências do passado, com essa nova geração que está vindo com tudo, com novas oportunidades.”









