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Jonas Urias, de Pinda, conduz equipe feminina do Cruzeiro para título inédito no futebol

No próximo domingo (14), o Cruzeiro vai em busca do título do Campeonato Brasileiro Feminino. Na Neo Química Arena, em São Paulo, as Cabulosas enfrentarão o Corinthians no jogo de volta da final. O duelo de ida, disputado no último domingo (7), terminou empatado em 2 a 2.

Para conquistar a taça, o Cruzeiro terá que alcançar um feito inédito: não perder para o Corinthians fora de casa.

À frente do time está o técnico Jonas Urias, natural de Pindamonhangaba. Em meio a uma semana intensa de preparação para esse capítulo histórico, Urias conversou remotamente com a jornalista Aiandra Mariano. Ele relembrou sua infância em Pindamonhangaba, falou sobre sua trajetória no futebol, sua passagem pela Seleção Brasileira e compartilhou as expectativas para a grande final que promete marcar a história do clube mineiro neste fim de semana.

TN: Urias, fale um pouco da sua infância em Pinda.
Minha infância foi muito especial. Eu nasci em São Bento do Sapucaí, mas me mudei pra Pinda com a minha família ainda muito novinho, cerca de 3 a 4 anos de idade. A gente morava ali na Praça do Quartel e é uma região muito privilegiada pra se viver, o coração da cidade. Foi onde eu aprendi a jogar bola. Também joguei futebol no São Paulinho, com o Teófilo, por muitos e muitos anos. Fui escoteiro no Grupo Escoteiro Itapeva, onde fui lobinho, escoteiro e sênior. Então, foi uma infância muito, muito especial. É uma região que eu considero maravilhosa, onde tenho a minha família, muitos amigos de diferentes nichos que agregaram muito para que eu tivesse uma infância ativa, feliz e não mudaria nada nesse sentido.

TN: Até que idade viveu na cidade?
Eu vivi em Pinda até os meus 19 anos, quando eu terminei o meu ensino médio, já com o objetivo de ingressar na Universidade de São Paulo, na USP e assim foi. Em 2008, um pouco antes de completar 19 anos, eu passo no vestibular e vou estudar na Escola de Educação Física e Esporte da USP.

TN: Como começou seu envolvimento com o futebol?
Em Pinda, eu já era fascinado pelo esporte em si, não só o futebol. Mas o futebol, claro, sempre foi muito presente na minha vida. Sempre fui um aficionado pelas atividades do corpo, então praticava muitas atividades diferentes: tênis de mesa, tênis de quadra, basquete, vôlei de areia, capoeira. Na faculdade fui convidado a ingressar na comissão técnica de uma equipe universitária da USP e iniciei minha carreira como auxiliar técnico de futebol. Mas foi em 2010, quando eu recebo o convite para fazer parte da comissão técnica do Centro Olímpico da Associação Esportiva Centro Olímpico em São Paulo, no futebol feminino, que eu fui apresentado ao futebol como profissional. E foi meu primeiro contato com o futebol feminino em si e o esporte de alto rendimento.

TN: E de lá pra cá, como se desenvolveu sua carreira?
Em 2010, recebo esse convite para integrar o Centro Olímpico, no futebol feminino, ali que comecei a minha trajetória profissional. Toda a comissão técnica era liderada pelo Arthur Elias, que hoje está na Seleção Brasileira, e eu entrei como treinador do Sub-15. Desde o primeiro dia, lembro exatamente da sensação de ver aquelas meninas em campo, jogando com tanta dedicação. Ali eu já senti que era um lugar especial. Fiquei seis anos no Centro Olímpico, e em 2016 fui eleito o melhor treinador do Campeonato Profissional. Em 2017, saio para assumir a equipe principal do Sport Recife, onde disputei dois Campeonatos Brasileiros. Em 2019 recebo o convite para comandar a Seleção Brasileira Feminina Sub-20. Foram quatro anos na Seleção, onde conquistei uma Liga Sul-Americana, um Sul-Americano e a medalha de bronze na Copa do Mundo Sub-20 em 2022, na Costa Rica — melhor resultado da história das categorias de base. Depois disso, participei da Copa do Mundo principal na Austrália como analista de desempenho de adversários. Deixei a Seleção em 2023.

TN: Como e quando se tornou técnico da equipe feminina do Cruzeiro?
O Cruzeiro já vinha me sondando, e quando saio da Seleção em 2023, a gente concretiza esse movimento. Em outubro daquele ano, assumo as Cabulosas na reta final da temporada e lidero o time à conquista do Campeonato Mineiro — título que o clube não vencia desde 2019.

Em 2024, começamos com força na Supercopa, chegando à final e ficando com o vice-campeonato na Neo Química Arena. No Brasileirão, terminamos a primeira fase em quinto lugar — a melhor campanha do clube até então, já que no ano anterior o time havia ficado em oitavo — e caímos nas quartas para o Palmeiras. Mas ali já era visível o crescimento da equipe.

Encerramos o ano com o bicampeonato mineiro, vencendo o América por 3×0 no Mineirão. Para 2025, reformulamos boa parte do elenco e nos tornamos ainda mais competitivos. Terminamos a primeira fase do Brasileiro na liderança e, agora, estamos disputando a grande final. É um projeto que vem amadurecendo muito bem e que tem evoluído com o trabalho coletivo de todos os envolvidos.

TN: Quais são os maiores desafios de um técnico de futebol feminino no Brasil?
Acredito que o maior desafio para um treinador no futebol feminino está na defasagem na formação das atletas, que é reflexo de uma sociedade ainda muito machista e patriarcal. Desde a infância, meninas enfrentam barreiras culturais e sociais que limitam o acesso ao esporte, o que impacta no desenvolvimento motor e na relação com a prática esportiva.

Quando essas jovens chegam ao futebol, muitas vezes encontramos lacunas importantes — não só nas questões técnicas e táticas do jogo, mas também na formação profissional e na compreensão da rotina de uma atleta de alto rendimento. Isso exige de nós, treinadores, um trabalho muito mais amplo e cuidadoso.

Além disso, a estrutura e os recursos financeiros da modalidade ainda são limitados na maior parte dos clubes, o que dificulta a realização de um trabalho totalmente profissional e sustentável no futebol feminino.

TN: Como está sendo conduzir as Cabulosas à final do Brasileiro?
Tem sido uma experiência incrível! Tenho o privilégio de trabalhar com mulheres talentosas, dedicadas e íntegras, que tornam a rotina intensa do futebol de alto rendimento muito mais leve e prazerosa.

Essa jornada já é especial por si só, mas conseguir transformar esse trabalho em resultados concretos torna tudo ainda mais extraordinário. No futebol, sabemos que grandes temporadas só se tornam memoráveis quando vêm acompanhadas de conquistas, e este ano estamos vivendo exatamente isso: uma temporada linda, marcada por desempenho e resultados. Com certeza, tudo isso ficará gravado na vida e na carreira de todos que estão fazendo parte desse momento.

TN: Quais suas expectativas para a final que acontece nesta semana?
Minhas expectativas é que seja um grande espetáculo, um grande jogo, digno de uma final de campeonato brasileiro. Espero muito que a gente possa fazer uma partida épica, excelente e que possamos sair da Neo Química Arena com o inédito e especial título brasileiro.

E quero contar com a torcida de Pindamonhangaba. O jogo será às 10h30, e será transmitido no canal Sport TV. Assistam e torçam com a gente!

Papo Reto

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