Em muitas culturas, o destino é compreendido como uma série inevitável de acontecimentos que estejam relacionados a uma ordem cósmica. Na Filosofia, a ordem cósmica é um conceito fundamental que procura entender a estrutura e a organização do Universo. Representa uma tentativa de compreender como as coisas estão dispostas e interconectadas no cosmos, desde os elementos mais básicos até as complexas interações entre seres vivos e o ambiente em que vivem.
Os latinos associam “factum”, que significa “o predito” pelo oráculo, ao conjunto de coisas acerca do futuro. Pode ser compreendido como “a sorte” que é destinada a cada coisa, e, em particular, a cada homem. Para alguns estudiosos do assunto, é um símbolo que se refere ao Universo-História e cuja compreensão é intuitiva, enquanto casualidade é racional, lógica e se refere ao Universo-Natureza. Na linguagem e no entendimento do senso comum, o destino representa uma força poderosa, irresistível que rege os acontecimentos e a vida do ser humano do qual ninguém ficaria fora. Sempre é conveniente lembrar que a ideia de destino exprime a experiência do ser humano de dominar os acontecimentos da vida, e essa ideia religiosa remete a uma consciência confusa que o homem tem de sua dependência com relação ao mundo que habita e às poderosas forças que o dominam.
O problema da natureza e do sentido do destino foi amplamente tratado pelos Filósofos antigos. Uma das correntes filosóficas da Grécia Antiga, o Estoicismo, que ganhou força no século IV A.C., acreditava que não dá para escapar do destino (Determinismo). Para eles, o futuro é tão inalterável quanto o passado. Em contraposição aos estóicos, surge Epicuro (Epicurismo), o qual afirmava que nosso mundo e nossa vida seriam frutos do acaso. Pensadores mais recentes como o Filósofo Francês Jean Paul Sartre questionaram: como acreditar num futuro com cartas marcadas, o que significaria escapar da toada de decisões ditadas pelo livre-arbítrio?
Na história do Cristianismo e de outras religiões monoteístas, o destino assumiu aspectos teológicos. Os Evangelhos deixam bem claro que a crucificação do Cristo estava nos planos divinos, mas que a cruz só foi possível graças à traição de Judas. Judas estaria predestinado a ser mau? O protestante Calvino, em sua obra “Instituição da Religião Cristã”, escreve que Deus escolheu um pequeno número de pessoas para a salvação eterna e condenou previamente a maioria para o inferno. Assim como Judas, a maior parte da humanidade estaria destinada à punição e ao mal. É difícil compreender essa “lógica” de Calvino. Onde fica a responsabilidade das escolhas humanas? Como saber qual a escolha divina? Convém não esquecer que o Vaticano sempre afirmou o livre arbítrio (que para Santo Agostinho é a utilização da liberdade, guiado pela vontade, um poder de decisão ou opção) um instrumento importante necessário à responsabilidade moral. Os muçulmanos, por sua vez, asseveram que o homem é livre para agir, mas Deus tem preconhecimento de todas as escolhas que tomamos, não nos obriga a tomá-las, mas sabe tudo o que vai acontecer. Ele respeita a nossa decisão! E onde fica a ciência nessa confusão toda (Determinismo X Livre Arbítrio)? Einstein já falava: “A distinção entre passado, presente e futuro é uma ilusão”. É um desafio para a Ciência e para todos nós conciliar livre-arbítrio e Einstein!