
Em participação no podcast Fala Mulher, a delegada Dra. Ângela, responsável pela Delegacia de Defesa da Mulher (DDM) de Pindamonhangaba, falou sobre sua trajetória profissional, a presença feminina nas forças de segurança e o funcionamento do atendimento especializado às vítimas de violência no município.
Com 47 anos, mãe, esposa e natural de Santo Antônio do Pinhal, ela compartilhou reflexões sobre carreira, maturidade e a importância do acolhimento no enfrentamento à violência doméstica. O interesse se consolidou durante a graduação, quando acompanhou casos reais ao lado do professor de criminalística, Avelino, da Universidade de Taubaté (Unitau).
Aprovada em 2003, ela afirma nunca ter se arrependido da escolha. “É uma carreira que não tem rotina. Cada dia traz um caso, uma história e um desafio diferente”, destacou. Segundo ela, a função exige raciocínio rápido, articulação e comunicação — habilidades que vão além da imagem comum associada ao armamento.
Dra. Ângela relatou nunca ter enfrentado desrespeito dentro da Polícia Civil, mas ressalta que a trajetória feminina na corporação é historicamente lenta e marcada por limitações. Aluna do curso “Mulheres na Polícia”, da USP, ela explicou como padrões culturais ainda influenciam a atuação de policiais femininas.
Dra. Ângela ressaltou o trabalho e funcionamento da DDM de Pindamonhangaba, que funciona em horário comercial e opera com uma equipe multidisciplinar composta por assistentes sociais e psicóloga, o que, segundo a delegada, amplia a efetividade do acolhimento.
Além da atuação policial e jurídica, o atendimento social envolve encaminhamento para programas municipais, como Bolsa Família, auxílio-aluguel e atendimento pelo Caps ou Caps AD. Dra. Ângela também destacou a parceria com o Projeto Recomeçar, idealizado pela advogada Rosinei, da OAB Pindamonhangaba. O programa oferece orientação jurídica imediata às vítimas, esclarecendo temas como guarda dos filhos, pensão e regularização da separação — dúvidas que muitas vezes impedem a ruptura do ciclo de violência.
Segundo a delegada, a maior necessidade das vítimas é serem ouvidas com empatia e confidencialidade. Ela reforçou que o trabalho da equipe busca justamente criar um espaço seguro, para que assim, elas tenham coragem de romper o ciclo de violência. Dra. Ângela reforça que o objetivo da DDM é assegurar que cada uma delas saia fortalecida e consciente de seus direitos. Com fé, esperança e apoio técnico, é possível reconstruir caminhos. “Onde não houver amor, não te demores”, finaliza, deixando uma mensagem de coragem e recomeço.
Filha de uma família com tradição policial, a delegada afirmou que sempre soube que seguiria o caminho do Direito e do concurso para delegada.








