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Da redação – Quando anúncios contam histórias

Esta edição especial da coluna “Da Redação” traz uma história curiosa, revelada a partir da colaboração de uma leitora do jornal. Durante as pesquisas para esta coluna e para as páginas de História da Tribuna do Norte, é comum nos depararmos com antigos anúncios e nos perguntarmos: quem eram as pessoas por trás deles e quais destinos seguiram?

Foi nesse contexto que a leitora Vânya Dulce D’Arace entrou em contato, compartilhando um anúncio da antiga Fábrica de Ladrilhos Nossa Senhora de Lourdes, publicado em 1935, e que pertencia a seu avô, o arquiteto Francisco D’Arace.

Francisco nasceu em 1893, na cidade de Foggia, Itália, e chegou ao Brasil em 1915, acompanhado dos pais Antônio e Concheta e da irmã Maria. Em 1918, casou-se com Cymodocéa Marcondes do Amaral Campos. Construtor e arquiteto, morava nas cidades em que realizava obras, sendo responsável por importantes igrejas em Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí e Paraisópolis (MG) — onde nasceu seu filho Rômulo Campos D’Arace, pai de Vânya.

A trajetória da família mudou em 1920, com o falecimento de Cymodocéa, vítima de tuberculose. Viúvo e com dois filhos pequenos, Francisco se mudou para Pindamonhangaba, estabelecendo-se inicialmente na antiga Praça Formosa (atual Monsenhor Marcondes).

A partir daí, deixou marcas significativas na cidade. O principal é o Altar-mor da Igreja Matriz Nossa Senhora do Bom Sucesso, construído em 1926, que permanece até hoje como uma de suas principais obras. Além dele, projetou diversas residências nos arredores do 2º Batalhão de Engenharia de Combate “Borba Gato”, muitas já transformadas, mas algumas ainda preservam suas características originais, testemunhando o legado arquitetônico do italiano.

Foi também nesse período que surgiu a fábrica de ladrilhos que, segundo Vânya, foi criada como solução estratégica diante da dificuldade de adquirir materiais para suas obras. Alguns desses ladrilhos permanecem preservados até hoje, na casa construída em 1944 por Francisco, que também abrigou, por 57 anos, o Colégio Mestre, fundado em 1968 por Vânya com o apoio do avô.

Ela o descreve como um homem de fé, generoso e cooperativo, lembrando que ele chegou a oferecer seu trabalho gratuitamente para a construção do Lar São Judas Tadeu.

Francisco D’Arace faleceu em 1974, deixando em Pindamonhangaba não apenas obras físicas, mas também uma memória de dedicação e contribuição à comunidade. Seu filho, Rômulo Campos D’Arace, por sua vez, marcou a cidade em outro campo: foi político, poeta, escritor, aviador, fotógrafo, radialista e jornalista, chegando a dirigir a Tribuna do Norte na década de 1950.

Rômulo faleceu precocemente, em 1955, aos 32 anos, mas deixou um legado intelectual e cultural de grande valor.

Esta matéria só foi possível graças à pesquisa de Vânya Dulce D’Arace e de sua prima Maria Lucia D’Arace Ferreira. E você, leitor da coluna ou das páginas de História, também pode ajudar a preservar memórias: se reconhecer alguém retratado em nossas matérias ou tiver uma história que merece ser contada, entre em contato com a redação da Tribuna do Norte pelo WhatsApp (12) 98844-2077.

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