
Fisioterapeuta formado há 20 anos,
possui especialização em Ortopedia
e traumatologia, Osteopatia e
Acupuntura. É sócio da Azzera
Clínica, Clínica multidisciplinar em
Pindamonhangaba
Esta é uma pergunta comum em nosso cotidiano: quando devemos usar a compressa quente ou a compressa fria nos casos de dor? Se eu lhe perguntasse, você saberia me responder? É pertinente este questionamento nas mais variadas e inusitadas situações do dia a dia, pois a finalidade do uso deve ser levada em consideração. Afinal, para determinada ocasião, uma exercerá melhor a função que a outra.
Mas antes de falarmos sobre o uso delas, vamos saber o efeito fisiológico que cada uma das temperaturas ocasionará no corpo humano. A compressa fria local realiza um fenômeno chamado vasoconstrição, que é a diminuição da luz do vaso, ou seja, diminui a passagem do sangue pelo vaso, restringindo o diâmetro interno dele. Portanto, quando esses vasos se deparam com a temperatura fria da compressa, eles sofrem espasmos e se contraem, o que diminuirá o fluxo dos respectivos fluidos corporais. Com isso, o local lesionado não sofrerá acúmulo de líquido, chamado edema (ou inchaço, na linguagem popular). As compressas frias têm propriedades anti-inflamatórias e analgésicas, o que as torna especialmente eficazes na redução do inchaço e da inflamação.
A compressa fria é ideal imediatamente após quedas, pancadas ou lesões, sendo recomendada nas primeiras 48 horas após o ocorrido. Geralmente, os traumas podem romper pequenos vasos, e com isso vazar sangue, o que formará um hematoma ou acúmulo de linfa (líquido que está nos edemas). É muito comum também o uso de compressas frias após atividades físicas intensas, pois ajudam a minimizar a resposta inflamatória e controlar a dor. Porém, as compressas frias também são úteis na gestão de condições inflamatórias crônicas, como nos casos ortopédicos de tendinite e bursite. Nos casos pós-cirúrgicos odontológicos também são regularmente usadas.
Já a compressa quente, ao invés de contrair os vasos, vasodilata, aumentando o fluxo sanguíneo. Esse efeito ajuda a conter o processo inflamatório, pois a grande quantidade de sangue correndo nos vasos acaba recolhendo e purificando os líquidos que vazaram e se acumularam em torno da região afetada. Esse aumento na circulação contribui para a entrega de nutrientes essenciais e oxigênio aos tecidos, promovendo a cicatrização.
A compressa quente proporciona relaxamento muscular, o que a torna ideal para tratar dores como torcicolos, e pode ser usada ainda para aliviar desconfortos comuns como dor de dente e cólicas abdominais provocadas pela tensão pré-menstrual (TPM). Normalmente, é indicada para inflamações crônicas, situações infecciosas, como aquelas em que há formação de pus (furúnculo, terçol etc.), e para amenizar edemas e hematomas que se formaram após um trauma não tratado em 48 horas. No entanto, não é recomendado que seja feita quando se está com febre.
Em resumo, tanto as compressas quentes quanto as frias desempenham papéis valiosos na promoção da nossa saúde e do nosso bem-estar. Porém, devem ser escolhidas com base nas necessidades específicas de cada situação. É importante seguir as recomendações adequadas para evitar complicações e garantir os benefícios necessários.