No filme da vida do 15º filho do casal de fazendeiros Benedicto Ribeiro da Cunha e Maria Luiza César Ribeiro, há distintos papéis que o próprio Augusto César Ribeiro desempenhou ao longo de seus 75 anos de vida: o caçula e único irmão do Mané Ribeiro – o prefeito que deixou saudade nesta cidade princesa; o esposo de Carminha, Maria do Carmo Vilela Ribeiro, companheira de muitos roçados e mãe amorosa de seus sete filhos; o de professor, esportista, radialista, cronista, artista de cinema, empreendedor, poeta, declamador.
Pelo visto, Augustinho Ribeiro viveu muitas vidas numa só, todas elas abençoadas pelo seu carismático modo de ser e de estar no mundo, partilhando de si com os que com ele conviveram, alegrando os que tiveram a chance de vê-lo encenar o seu papel principal, o de “Chico Frô” – seria o seu alter ego? -, o defensor da nossa cultura vale-paraibana, caipira e simples, sublime e bela, que o consagrou em nossa terra, entre nossa gente!
Dotado de uma eloquência vibrante, o exímio declamador e poeta por muitos anos difundiu sua voz e suas crônicas na Rádio Difusora de Pindamonhangaba, em programas sertanejos da Rádio Aparecida e, por cinco vezes e com notável sucesso, no programa “Viola, Minha Viola”, da TV Cultura.
No papel de professor, Augusto César Ribeiro foi mestre inesquecível de gerações de pindamonhangabenses, tendo lecionado nas escolas do SESI – nos antigos bairros da “Baderna” e “Coruçá”, que ele ajudou a população a rebatizar de Vila São Benedito e Vila São José – e na Escola Regimental do Exército, alfabetizando soldados e ministrando aulas para os cursos de cabos e sargentos. Nos anos finais de sua carreira no magistério, lecionou na EE Dr. João Pedro Cardoso. Pelo seu método de alfabetização e manejo de classe, foi laureado com o título de “Professor do ano” pela Secretaria da Educação do Estado de São Paulo e pela Divisão Pedagógica do Serviço Social da Indústria.
Não só na educação Augusto César Ribeiro grafou seu talento e sua arte, mas também nos sets de filmagem do amigo de juventude Amacio Mazzaroppi! Ele atuou em 16 dos 24 filmes produzidos pelo nosso “eterno Jeca”! Quem não se recorda do impaciente freguês palmeirense brigando com Mazzaropi na barbearia, na primeira cena do filme “O Corintiano”? Ou do irreverente padre de “Jeca, o fofoqueiro do céu”? Ou, ainda, do capanga que guardava a mulher do Jeca em “Meu Japão Brasileiro”, dentre tantos outros personagens por ele representados em três décadas de filmografia do genial cineasta brasileiro?
Essa amizade-irmandade de Chico Frô e Mazzaropi perdurou por toda a vida do cineasta, estendendo até os últimos dias da vida de Augusto César Ribeiro: o amigo que tinha as portas de sua casa sempre abertas a qualquer hora do dia ou da noite para receber e festejar a chegada do “Mazza” com sua trupe dos sets de filmagem; o irmão do coração que zelava pelo túmulo do cineasta e de seus pais e, todo mês de abril, no aniversário de Amacio Mazzaropi, cuidava da programação das homenagens ao caipira mais querido do Brasil no Cemitério Municipal de Pindamonhangaba!
Comunicador nato, sua oratória se perpetuou na memória daqueles que com ele conviveram ou que dele se recordam graças às homenagens prestadas por sua terra natal ao filho querido: patrono de uma escola municipal na Vila Rica; prêmio de interpretação no Festival de Poesia de Pindamonhangaba; patrono da Cadeira 16C de Membros Correspondentes da Academia Pindamonhangabense de Letras.
Augusto César Ribeiro, ao criar o seu personagem Chico Frô, tornou-se porta-voz de si mesmo, de seus antepassados, da cultura e da alma vale-paraibana. Com o seu Chico Frô, Augusto César Ribeiro fez a síntese de seus distintos personagens numa única vida – e de pétala em pétala se eternizô!