A Arte, no senso comum, é uma maneira do ser humano expressar sua emoção, sua história, por meio de valores estéticos com harmonia e beleza. Para o pensador Friedrich Nietzsche (1844-1910, filósofo e crítico alemão, para quem a vida não existe sem sofrimento, sendo o seu sentido associado à busca da felicidade), “O filósofo é um pensador que escreve e o poeta é um escritor que pensa”.
A Arte, para a Filosofia, de uma maneira geral, é a reprodução do mundo, que, por sua vez, é a representação das ideias do mundo que se mostra. Nesse sentido, é importante ressaltar que, para o filósofo grego Aristóteles, ela significa fazer, elaborar, refletir e imitar a natureza. Daí compreendermos que há uma verdadeira parceria entre Filosofia e Arte, parceria esta que torna possível abordar com alegria e leveza alguns temas importantes da existência, como o sentido de realidade, a transitoriedade do amor, entre outros.
Para o filósofo Kant (1724-1804, alemão, fundador da Filosofia Crítica), só é Arte o que é oriundo de uma produção realizada de forma livre e racional.
A Arte Poética, encarada como um dos campos da Filosofia, tem como escopo estudar a qualidade das obras de arte intimamente vinculada ao artista que se mostra por meio de procedimentos, estilos poéticos, na livre escolha de quem se expressa. E, quando se atua poeticamente? Certamente quando o escritor exerce a função poética, caracterizada por enfatizar a forma estética e expressiva da linguagem, procurando criar impacto estético e emocional em quem recebe sua mensagem.
A voz que se expressa na Poesia, em que se manifestam emoções e sentimentos, constitui o “EU Poético” ou Eu lírico, segundo alguns estudiosos da área. Esse Eu lírico enuncia o poema e só ele pode afirmar que a Filosofia o auxilia a tratar das dificuldades e vicissitudes da vida, uma vez que o Processo Filosófico visa compreender a natureza da existência humana e sua relação com o mundo e outros seres humanos.
E quem é o objetivo da Arte Poética? Para nos auxiliar a elucidar essa questão, surge o pensador Arthur Schopenhauer (1788-1860, considerado pessimista, que se destacou por questionar o otimismo do Iluminismo, para quem a vida oscilaria do sofrimento ao tédio e a felicidade seria algo momentâneo). Ele afirma que é o HOMEM, em razão de sua permanente ação, pensamentos e afetos. Certamente, somente por meio da POESIA temos a oportunidade de apreciar a indecifrável e profunda natureza interior do ser humano.
Por que será? De acordo com o referido pensador, o processo histórico carrega consigo a verdade da IDEIA mostrada no espelho do espírito do poeta. A criação da Poesia é proveniente do conhecimento de sua essência, que se encontra em toda humanidade.
Quando será que vamos compreender a sublime missão da Poesia? Com certeza quando tomarmos consciência de que ela permite que o ENTE caminhe para se transformar no SER, de acordo com o pensamento do fenomenal filósofo existencialista alemão Martin Heidegger (1889-1976). Para ele, o homem é um ser-aí-no-mundo (DASEIN, em alemão), sempre aberto a se tornar algo novo, ressignificando atitudes e conceitos.
Para Heidegger, a Poesia traz ao ser humano o surgimento da VERDADE (que se mostra nos fenômenos sensíveis e percebidos), compreendida a partir do seu “Ser-aí” histórico. Isso porque a Arte enquanto Poesia é instauração histórica da Verdade. Dessa maneira, o dizer poético abre e funda um mundo (que denominamos histórico) onde as pessoas se mostram, se desvelam.
Por fim, é importante deixar bem claro que a Poesia (além do significado de fazer, escrever poesias) é, antes de tudo, “POIESIS” no sentido grego, que nos conduz ao entendimento de produzir, criar, por meio da abertura, NA e PELA palavra, na procura incessante do desvelamento do Ser.