Vai muito além do perigo de se contrair dengue, chikungunya ou zika o que pode ocasionar o acúmulo de lixo nas residências e locais públicos. O lixo proporciona vida não só ao mosquito. É favorável a existência de outros tipos de vetores (moscas, baratas, ratos etc.) causadores de febre tifoide, cólera, amebíase, disenteria, giardíase, ascaridíase, leishmaniose, febre amarela, malária, leptospirose, peste bubônica e tétano.
Daí o fato dessa preocupação andar em pauta nas administrações municipais, como sempre andou na atual. Mas o nosso assunto sendo história (ou “histórias da Pinda antiga”) vamos recordar uma passagem ligada ao tema ocorrida em nosso município em 1903.
Publicado na edição de 10/5/1903 da Tribuna, o artigo é um apelo à boa vontade do munícipe com relação às ações do município visando o combate ao problema. Intitulada “Limpeza da cidade”, em nota a Tribuna do Norte assim se dirigia à população solicitando que entendesse o trabalho dos funcionários da limpeza pública:
“Sabemos que algumas pessoas, poucas, é certo, levam a mal a presença de encarregados da limpeza pública, quando esses se apresentam procurando penetrar nos quintais particulares para removerem dali o lixo acumulado. Não há, porém, nada de mais desarrazoado do que essa prevenção contra indivíduos que estão nos prestando um serviço importantíssimo, e que só lhes dão direito ao nosso reconhecimento. Para merecerem ser bem acolhidos basta termos em vista os fins que os levam a este trabalho. A limpeza em si já é um grande benefício que obtemos por suas mãos sem despendemos coisa alguma; e se ponderarmos que por esse meio, pelo rigoroso asseio dos quintais podemos prevenir o aparecimento de febre amarela em nossa cidade, – ninguém será possível deixar de aplaudir e esforçar-se, cada qual por sua parte, para que se faça com facilidade o trabalho com tal fim compreendido. Acresce que as pessoas incumbidas desse serviço sabemos que têm tido a maior consideração par com os proprietários que nada têm ainda a alegar contra o modo por que os empregados do serviço sanitário que vão desempenhando sua missão. Não há, pois, razão alguma para que se mostre quem quer que seja prevenido com os encarregados do saneamento da cidade, os quais estão nos prestando importante serviço”.
Veja o leitor que esta comunicação ao povo, apesar de ter sido escrita há 121 anos, é perfeitamente atual e sensata quanto à finalidade e público direcionado.