O discurso impessoal é preferido na maioria dos vestibulares, incluindo o Enem, evitando o uso da primeira pessoa do singular e do plural. Além disso, é importante evitar qualquer frase que denote maior intimidade entre o enunciador e o leitor do texto. Essas escolhas são orientadas pelo objetivo de reproduzir as exigências da redação a ser produzida por milhões de participantes do Enem no próximo domingo, apresentando um viés pedagógico no discurso.
A partir de agora, esta coluna será diferente, reproduzindo dicas e orientações da maneira como são compartilhadas com os alunos em sala de aula. A intenção, ainda pedagógica, é agir como as professoras dos anos iniciais de nossa formação: pegar na mão do aluno e mostrar, de forma mais concreta, como as coisas devem ser feitas.
Então, vamos lá! (Sim, este texto também terá marcas de oralidade!)
O primeiro passo, no instante de prova, é ler atentamente a frase temática, identificando todos os núcleos de discussão nela contidos. Em seguida, você deve ler os textos motivadores, grifando informações mais relevantes e identificando o percurso argumentativo sugerido.
Depois disso, é hora de formular a tese – seu enunciado crítico acerca do tema -, selecionando dois argumentos e o repertório sociocultural necessário para a fundamentação das ideias; para isso, você pode utilizar um dado extraído dos textos motivadores, mas é preciso adicionar repertório ligado a alguma área do saber. A boa notícia é que (quase) tudo vale como repertório – filme, série, livro, música, conceitos, números -, desde que esteja, de fato, relacionado às questões analisadas. É a escolha dos argumentos e desses repertórios que vai compor um projeto de texto estratégico e revelar a sua autoria, isto é, a voz autoral de quem elaborou essa análise, como exige a prova.
Outra boa notícia: o repertório já está em você, acredite! Ah, é muito importante que tudo esteja perfeitamente articulado – daí a ajuda imprescindível dos conectores de texto (sob tal perspectiva, além disso, desse modo, entretanto, assim, etc.). Mas isso não deve acontecer de forma mecanizada (vou encaixar um conectivo aqui porque vi num texto nota mil) – precisa haver coerência e fluidez. Guarde esta palavra: fluidez!
Está claro que você precisa planejar seu texto antes de escrevê-lo, certo? É preciso fazer um pequeno roteiro, resumindo o que será dito em cada um dos quatro parágrafos previstos. Em seguida, você faz o rascunho da redação e, finalmente, passa tudo a limpo na folha oficial. Especialistas recomendam que você chegue, pelo menos, até o rascunho antes de ir para a resolução das questões – mas isso não é uma regra. O importante é executar a prova de uma maneira que seja confortável para você. Quanto ao tempo, é recomendado consumir 1h20 ou 1h30 na elaboração da redação – mas já tive alunos que precisaram de quase duas horas. Tudo bem, mantenha a calma.
Por falar em calma, é necessário que haja também calma discursiva. Na dissertação, você não pode dizer tudo de uma vez: lembre-se dos movimentos discursivos que compõem cada parágrafo – e eles são separados não só por vírgulas, mas também por pontos. Acredite: o ponto valoriza o que é dito antes e depois dele; vírgulas tendem a acelerar o discurso e podem misturar informações, comprometendo o entendimento do texto.
Antes de encerrar, um combinado: reserve um tempinho para ser o corretor do seu texto. Isso mesmo: aquela última olhada, verificando, principalmente, acentos, grafias e vírgulas – isso pode fazer toda a diferença!
Que resta dizer? Respire. Leia. Respire. Escreva. Respire. Revise. Respire. Viva!