A vida, segundo nos afirma o filósofo grego Aristóteles, na sua obra “Da Alma”, “é aquela pelo qual um ser se nutre, cresce e perece em si mesmo”. Ela tem um sentido universal, visto que o sentido e o valor da vida são construções que nós mesmos edificamos. Dizemos sempre que a vida tem um propósito, denominado “propósito de vida”, que direciona toda a trajetória existencial dos seres humanos, alicerçada nas crenças e valores de cada um. Qual seria esse propósito? Outro filósofo da antiga Grécia, Sócrates, nos responde: a felicidade é o sentido e o propósito da vida, o único objetivo e a finalidade da existência humana. Dessa maneira, compreendemos que o processo vital oferece o ensinamento por meio da nossa própria história, num processo de reflexão, para termos a possibilidade de entender a nossa trama de relações, que nos faz pensar entre ser aquilo que se é e aquilo que se deve ser.
Dessa maneira, peregrinando no mundo terreno, agregamos a ideia de que viver é equilibrar-se constantemente entre escolhas e consequências. Portanto, algo que antes fazia sentido e já não faz mais sinaliza algo importante: é tempo de promover a mudança. Jean Paul Sartre, o consagrado filósofo existencialista francês, nos afirma: “Cada homem deve inventar o seu caminho”. Assim, cada atividade que vivenciamos envolve sentimentos, valores, expectativas e identificações. São essas atividades que conferem a “cor” e o “tempero” ao nosso modo de viver, sustentando-o num mundo de significados e valores compartilhados com outras pessoas. E quando não encontramos sentido nessas atividades que povoam o nosso viver, como o rompimento de um relacionamento, a perda de um ente querido, enfim, momentos de angústia que precisam ser superados? É nessa hora que se instala o vazio existencial. Precisamos entender que os tempos passam, a vida muda, necessitamos rever nossas escolhas, reavaliar as nossas experiências e buscar novos sentidos e significados!
Faz-se necessário assumir um projeto existencial no qual não há caminhos certos nem errados, mas diferentes possibilidades. Serão escolhas que representam uma ação e um risco, na procura de novos modos de ser, enfrentando desafios imensos, novos conflitos e paradoxos, dando adeus às situações conflituosas do passado, como afirma o louvado compositor e músico cearense Belchior: “O passado é uma roupa que não nos serve mais”.
E o que dizer da brevidade da vida, da qual nos falou Sêneca, filósofo, escritor e mestre da retórica (4 a.C. – 65 d.C.) na sua obra “Sobre a brevidade da vida”? Ele explica que o que está contido numa vida não deve ser marcado pelo tempo, pela riqueza ou pela trajetória. Ele escreveu sobre esse tema entre os anos 49 e 55 da era cristã, quando a expectativa de vida no Império Romano era de 30 anos. Hoje vivemos o dobro disso e nos queixamos que não vivemos bem e não temos tempo. Sempre desejamos mais. Queremos mais tempo! Esquecemos que o importante é existir! Ele nos deixou bem claro: tempo e vida são diferentes. “Não se deve julgar que alguém viveu por muito tempo por causa dos cabelos brancos e rugas; ele não viveu muito tempo, mas existiu muito tempo”.
A vida não é breve; nós a desperdiçamos e a tornamos breve. E, ao chegarmos ao fim, percebemos que a deixamos passar no luxo, na negligência, num viver pautado no julgamento dos outros, nas aparências, no descontrole das nossas emoções negativas, em não saber dizer não ao supérfluo e à ganância, desprezando a harmonia fraterna e esquecendo de estender a mão aos irmãos que sofrem à margem do caminho.