A primeira vez que ouvi o discurso do Secretário de Educação de Pindamonhangaba, Júlio César Augusto do Valle, na posse dos membros do Conselho Municipal de Cultura. Percebi que aquele jovem professor de Matemática vivia um profundo caso de amor com a Educação e a Literatura. Em seu discurso, o pensamento de Paulo Freire e Ubiratan D’Ambrósio e dos poetas Eduardo Galeano e Drummond eram fios de ouro na tessitura de sua defesa em prol da cultura de nosso município.
Completamente embevecida com suas palavras e, sobretudo, com sua humildade, fiquei a pensar: “Meu Deus, em que berço este ‘menino’ nasceu? Em que escolas estudou? Como pode um jovem professor ser detentor de tanta lucidez e discernimento?”. Fomos apresentados naquela noite e o intervalo entre aquela data e o dia de nossa entrevista durou uma eternidade. Ele, gentilmente, recebeu-me em sua sala na Secretaria Municipal de Educação. Enquanto o aguardava, fui tomada por um encanto: cada sala daquele prédio presta homenagem a um educador, escritor ou poeta brasileiro. Certamente, uma delicadeza advinda de sua alma de escritor também! Júlio me contou de seus pais
Eduardo e Mônica -, de seu percurso como aluno de escolas pindamonhangabenses (Caminhos Dourados, Externato e ETEC), de sua trajetória como professor de matemática dos colégios Magistra, Progressão e Anglo e, por fim, de seu ingresso como docente no Instituto Superior de Educação de São Paulo. Confidenciou-me que, antes mesmo de escolher a sua área de atuação profissional, já queria “ser professor” e que, antes de optar pela Matemática, flertou com a Filosofia, a Física, a Língua Portuguesa e a História.
Aluno da graduação, mestrado e, atualmente, doutorado na USP, Júlio encontrou uma fórmula secreta para conciliar o seu percurso acadêmico na Educação Matemática com a Literatura: Machado de Assis, Saramago, Cecília Meirelles, Otávio Paz, Ferreira Gullar, Hanna Arendt e outros têm livre acesso aos territórios de suas leituras e pesquisas. Após três horas de agradável conversa, o nosso tempo chegara ao fim, mas a cumplicidade de nossos sonhos, não. Assim como na ciência dos números, “em toda regra há uma exceção”. Por hoje, escrevo apenas este pequeno fragmento poético do que vi cintilar nas pedrinhas luminosas de seus olhos.
Outros olhares sobre esse jovem educador merecem futuros registros, pois Júlio Valle é um caleidoscópio de luminosas imagens. É impossível não se deixar afetar profundamente por seu amor à Educação, por seu carinho pelos alunos e suas respectivas escolas, por sua gratidão à sua mestra Profª Drª Maria do Carmo Domite Mendonça (in memoriam), pela riqueza de seus artigos científicos, por sua alegria de viver e de escrever um novo capítulo na história da Educação Municipal de Pindamonhangaba. No altar de seu coração, Júlio, deposito as flores da minha gratidão. No altar do coração de seus pais, oferto a gratidão de nossa terra e de nossa gente!