O dia amanheceu chuvoso, era dia de arrumar o armário da sala de leitura. E lá fui eu. Já na primeira gaveta, me deparei com uma linda caixa cor de rosa chá – atente para a cor! Modelo antigo, bem conservada. Eu nem mais me lembrava dessa caixa. Perguntei a mim mesma: — O que haveria lá dentro? Curiosa, abri a tampa devagar, para fazer suspense.
Eis a minha surpresa: dentro da caixa havia lindas e centenárias toalhinhas de crochê, confeccionadas pela minha avó italiana, Rita. Estavam ali quietinhas, com um aroma suave de tempos passados, aguardando um momento especial. Eram muitas, muitas toalhinhas — coloridas, neutras, brancas — feitas em linha bem fininha. Belos modelos antigos, mas que não perderam a sofisticação. As cores suaves — branco, bege, rosa antigo — ainda brilhavam, apesar dos anos que se passaram.
Cada toalhinha parecia guardar uma cena do passado, como se, ao tocá-las, eu pudesse voltar no tempo e reviver momentos perdidos, reencontrando minha avó na simplicidade de suas criações. Foi com ela que minha mãe aprendeu a fazer crochê, e foi minha mãe quem me ensinou. Aquelas toalhinhas, feitas com carinho e esmero, pareciam conter em cada ponto histórias entrelaçadas. Vovó tinha mãos habilidosas, que pareciam dançar sobre a linha, criando delicadas rendas e desenhos com uma paciência que hoje parece quase impossível.
Ah! As toalhinhas de crochê… Depois de escolher duas que achei mais bonitas, elas agora enfeitam o aparador do hall de entrada da minha casa. Obrigada, vovó. Saudades…