A obra mais premiada do dramaturgo espanhol Fernando Arrabal, “O Arquiteto e o Imperador da Assíria”, ganha montagem inédita com atores do Vale do Paraíba. A peça reflete e discute sobre o autoritarismo e a violência e as diferenças sociais e culturais estabelecidas pela sociedade, mostrando um único sobrevivente, após uma catástrofe no planeta, que chega num lugar desconhecido e deserto, onde encontra um nativo sem ascendência e aproveitando-se da pureza do oriundo, cria um reinado que desvirtua os valores étnicos e morais, seduzindo o inocente súdito com distorcidos conceitos de religião, política, família, sexo e cultura. Para reforçar a narrativa do texto, os atores encenam com os corpos enlameados e figurinos confeccionados com sacos de lixo, representando esteticamente toda a imundície humana e a violência estrutural e cultural que a peça critica.
Fernando Arrabal, 91 anos, dramaturgo, cineasta, poeta e xadrezista espanhol, é o escritor mais premiado e representado atualmente pelo mundo todo. Junto com Alejandro Jodorowsky e Roland Topor fundou em 1963, o Grupo Pânico, originando o movimento pânico, período em que escreveu uma de suas obras dramáticas mais importantes: El arquitecto y el emperador de Asiria, e no mesmo período participou também do grupo surrealista de André Breton. Arrabal é considerado o único artista expoente ainda vivo dos quatro avatares da modernidade: o Surrealismo, o Postismo, a Patafísica e o Pânico.
Para o diretor Wladimir Pereira, produzir e montar uma obra de Arrabal era um projeto desafiador que almejava há muito tempo. E só no início de 2020 que decidiu e começou a produzir a peça, porém com a chegada da pandemia teve que engavetar o projeto. Mas para sua felicidade, no ano passado, recebeu de próprio punho a autorização do autor para a montagem e imediatamente reiniciou a produção. Primeiro passo: encontrar atores de peso para o grande desafio de interpretarem os famosos personagens da obra. Guilherme Martins e Leonardo Favatto aceitaram o desafio e mostram em cena todo o potencial do seu ofício, ser ator.
A produção ainda conta com Renato Munhós como preparador de corpo dos atores e o artista plástico Márcio Gottardi como cenotécnico, que utilizou apenas madeira descartável em todos os acessórios cênicos. O figurino foi criado e confeccionado pelo próprio diretor e a iluminação é assinada pelo ator Leonardo Favatt.
A apresentação acontece no próximo sábado (06), às 20h, no teatro Galpão (Rua Jadir Figueira, 2750, Jardim das Nações). A classificação é 16 anos e os ingressos custam R$ 20. Mais informações pelo telefone (12) 99112-8256 (Wladimir) / (12) 3642-1080 e 3643-2690 (Secretaria de Cultura e Turismo – de segunda a sexta).