
Nesta quarta-feira (06), entram oficialmente em vigor as novas tarifas de importação dos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. A medida, anunciada pelo governo do presidente Donald Trump, previa inicialmente alíquotas de até 50% sobre diversos itens. No entanto, uma flexibilização recente isentou 44,6% das exportações brasileiras, incluindo setores estratégicos para o Vale do Paraíba, o que deve reduzir significativamente os impactos na região.
Em entrevista à Tribuna do Norte, o professor de Economia da Universidade de Taubaté (UNITAU), Dr. Edson Trajano Vieira, analisou os reflexos do caso. Segundo ele, o susto inicial foi grande, mas a flexibilização trouxe mais estabilidade para os setores estratégicos da região. “Em um primeiro momento, essas tarifas de 50% atingiriam a economia da região como um tsunami. Mas com a flexibilização, isso passou a ser quase uma marolinha”, compara.
A principal preocupação era com setores como a produção de aeronaves e a cadeia do alumínio e do aço, ambos com forte presença em cidades como São José dos Campos e Pindamonhangaba — além da produção de petróleo no Litoral Norte. “Esses setores foram praticamente poupados. Então, a influência no mercado de trabalho e na economia das grandes cidades do Vale deve ser muito restrita”, afirma o professor.
No caso do alumínio, aço e ferro — com grande relevância em Pindamonhangaba — as exportações já estavam submetidas a políticas anteriores com tarifas entre 10% e 25%, o que não se alterou com o novo decreto americano.
Apesar do alívio para a região, alguns setores continuam sob atenção. “Um dos setores que nos preocupa bastante, que deve sentir esse efeito mais imediato, é o setor de madeiras e celulose. Esse setor ficou fora das exceções, então deve sentir mais diretamente esse aumento das alíquotas”, explica.
Impacto no dia a dia da população
Para a população comum, os efeitos diretos do tarifaço na região devem ser mínimos. Com os principais setores locais protegidos pela isenção, Vieira acredita que o dia a dia da população não sofrerá grandes alterações.
“Para o Vale do Paraíba, pouco será atingido. A economia está num bom momento e isso deve ajudar a manter o consumo e o emprego”, avalia.
Ele destaca ainda que a economia brasileira vive uma fase positiva, com projeção de crescimento de 2,3% para 2025 e nível de desemprego historicamente baixo. Por isso, segundo o professor, manter uma visão otimista é fundamental. “A economia trabalha muito em cima de expectativa. Não é o tarifaço do Trump que vai reduzir o ritmo de crescimento do Brasil”.
Com os setores estratégicos preservados e a atividade econômica nacional aquecida, a previsão é que o impacto das tarifas seja muito menor do que o esperado inicialmente, especialmente para o Vale do Paraíba.