Domingo passado foi comemorado o Dia dos Pais, no nosso Brasil. E nada mais difícil de lidar, para quem não teve a sorte (ou o karma?) de ter um pai, do que datas como essa, como o Natal e, também, o Dia das Mães, para aqueles que também não conhecem o amor materno.
Fico pensando nos órfãos e órfãs desse mundo todo. Mas penso, também, nos que perderam o pai ainda quando bebês (aliás, esse foi o caso da minha filha mais velha, que perdeu o pai quando tinha apenas 9 meses de idade); penso, inclusive, nos que perderam o pai de forma abrupta – da noite para o dia – e penso nos que estão sofrendo um luto dilacerante e recente com cheiro de coroa de flores.
Ainda sobra fôlego para pensar em mim, nas irmãs, e em tantas outras Marias e/ou Josés que experimentaram a dor da ausência paterna. O meu pai funciona assim: 90% do tempo da minha vida, ausente. E, quando aparece, de alguma forma, consegue causar mais feridas.
O vazio de quem não tem um PAI em nós. Freud iria amar o meu contexto familiar! Rsrs! Quem me dera, tê-lo conhecido. Eu li muito Freud, na época boa onde a faculdade de Psicologia era tempo integral. Como eu sempre amei bibliotecas, lá eu me refugiava e me acariciava, devorando os livros dele, onde contava a história das amizades entre ele e outros médicos, como Carl Gustav Jung, por exemplo. Era a história da Psicanálise, mas era também um tanto de história da vida dele. Eu amavaaaa!
Mas, voltando ao tema PAI… Por que um homem, abençoado por poder gerar filhos, permanece por quase 50 anos indiferente ao seu papel de pai? E por que me dá vontade de chorar, quando o assunto é pai? Por que eu não tive um? Ou será que é porque eu tenho, mas, de fato, não tenho? Por que a marca dele em mim e nas minhas irmãs é só de uma FALTA?
Meus olhos salgados ainda revelam (ou denunciam?) que, ainda, há dor aqui dentro. Eu que me iludia com a sensação de estar bem resolvida!! Entretanto, apesar de toda tentativa diária de transcendência e perdão, ainda há dor e mágoa aqui. Eu quero muito e cada vez mais limpar, limpar meu coração. Viver leve e sentir-me amada pelo PAI. Ai, que sonho bom!
Mas cada vez que o coração alivia, ele aparece com um comentário ou um comportamento digno de decepção. Aí, eu acordo do sonho! Que susto.
Pois é, meus amores, de vez em quando, a gente se depara com esse lugar que fica quietinho em nós como se não existisse. Mas, ele existe e é grandioso, porque tem o tamanho da ausência de um pai. Um pai provedor, protetor, amoroso, amigo, parceiro. Um pai que a gente pode recorrer, sabe?
Porque PAI, na minha concepção, é sinônimo de alguém que protege, ampara e preenche o filho da sensação absurda de segurança e amor.
Caminhar como quem tem um pai amoroso é diferente do caminhar de quem não tem. Tudo repercute em cada gesto, comportamento, postura, fala, expectativas, relacionamentos.
Somos mais frutos do que vivemos, experimentamos e o modo como percebemos o mundo do que gostaríamos de ser… rsrs!
Com amor a todos os pais que são pais,
Daya.