Vivemos numa era em que a informação circula com velocidade acelerada, mas nem sempre com responsabilidade ética, onde a saúde pública enfrenta um inimigo silencioso e insidioso: a desinformação.
Essa realidade tem se mostrado extremamente perigosa. A proliferação de notícias falsas, terapias sem respaldo técnico-científico e a atuação de profissionais fora de sua área de competência têm causado danos físicos, emocionais e até financeiros à população.
Durante a pandemia de COVID-19, o Brasil viu crescer exageradamente a circulação de conteúdos enganosos sobre tratamentos e curas milagrosas, onde receitas caseiras “anticoronavírus” foram amplamente divulgadas. Com isso, milhares de pessoas abandonaram tratamentos seguros, colocaram sua saúde em risco e contribuíram para o agravamento da crise sanitária. Essas práticas não apenas comprometem o tratamento adequado, como também prolongam o tempo de circulação de doenças, dificultando o controle epidemiológico e sobrecarregando o sistema de saúde.
Outro fenômeno preocupante é a atuação de profissionais de saúde que extrapolam os limites de sua formação. Há médicos que se dizem terapeutas sem formação adequada, fisioterapeutas que aplicam procedimentos invasivos sem autorização legal, psicólogos e outros profissionais que prescrevem medicamentos sem habilitação. Casos como esses representam infrações éticas e legais que podem causar danos irreversíveis.
Piora ainda mais o quadro quando falsos profissionais, que não possuem qualquer registro em conselhos de classe, atuam livremente, vendendo consultas, cursos e produtos com promessas de cura. A ausência de fiscalização eficaz e a vulnerabilidade da população diante de discursos sedutores tornam esse cenário muito preocupante.
As redes sociais, embora essenciais para aumentar o acesso à informação, também funcionam como difusoras de desinformação. A velocidade com que conteúdos são compartilhados, associada à falta de verificação por parte dos usuários, cria um ambiente onde o falso e o verdadeiro se misturam, dificultando o discernimento das pessoas.
O combate à desinformação exige uma ação conjunta do governo, instituições de saúde, plataformas digitais e sociedade. Investir em educação digital, fortalecer os conselhos de classe através de mecanismos de fiscalização profissional, promover campanhas de esclarecimento e responsabilizar legalmente os infratores são passos importantes para proteger a saúde da população.
A saúde não pode ser tratada como mercadoria nem como palco para egos e vaidades. Em um país onde milhões dependem do SUS e da orientação correta para sobreviver, garantir a informação precisa, ética e baseada em evidências é mais do que um dever, é uma questão de vida.