Em um mundo cada vez mais inundado por telas, emojis e notificações constantes, cresce a preocupação da área da saúde com os efeitos psicológicos e cognitivos que o uso excessivo de mídias sociais, Internet e jogos digitais pode causar nos jovens. Enquanto essas tecnologias oferecem oportunidades educacionais e sociais inéditas, que podem acelerar o aprendizado, estudos vêm apontando possíveis quedas no desempenho cognitivo, no discernimento e até no quociente de inteligência (QI) em comparação com gerações anteriores.
Mas o que pode estar acontecendo com o cérebro? Algumas pesquisas têm demonstrado que o uso excessivo de telas pode levar a uma redução da massa cinzenta. Exames de neuroimagem mostram que o uso excessivo da internet está ligado à diminuição do volume de massa cinzenta em áreas do cérebro responsáveis por tomada de decisões, controle de impulsos e atenção. Outras pesquisas levam a crer que esteja ocorrendo uma deterioração cognitiva, causada pelo consumo compulsivo de conteúdo superficial online.
Enquanto isso, pesquisas recentes indicam uma tendência de queda no QI médio desde a década de 90. Há evidências de que crianças e adolescentes expostos por longos períodos a telas têm QI inferior ao de gerações anteriores. Isso se deve à superestimulação, redução do sono, menor interação familiar, além do menor tempo dedicado à leitura profunda, a substituição de atividades intelectuais por entretenimento passivo e a redução da prática de conversas complexas e reflexivas.
Especialistas em neurociência e psicologia do desenvolvimento vêm levantando hipóteses sobre como o consumo exagerado de conteúdos digitais pode comprometer a capacidade de concentração. A constante alternância entre aplicativos e redes sociais fragmenta a atenção e torna mais difícil a execução de tarefas complexas; o excesso de informações leva à superficialidade na compreensão e julgamento; comparações sociais, busca por validação e exposição a conteúdos nocivos são fatores que contribuem para quadros de ansiedade e depressão.
Essa menor interação humana significa menos habilidades como empatia, escuta e expressão emocional.
Apesar das críticas, os jogos digitais não são somente prejudiciais, alguns gêneros (como quebra-cabeças, jogos de estratégia e RPGs) podem estimular: o raciocínio lógico, a coordenação motora, a criatividade e o trabalho em equipe. Por outro lado, a superexposição a jogos violentos ou viciantes pode provocar comportamentos impulsivos e insensibilidade emocional, além de prejudicar o sono.
Mas como podemos reverter esse cenário? Pais e educadores, em sintonia com os jovens, podem juntos tomar medidas para redimir os efeitos negativos e promover o uso mais saudável da tecnologia. Estabelecer limites de tempo para o uso de redes sociais e jogos, estimular hábitos de leitura e exercícios físicos, realizar atividades ao ar livre, reunir a família para conversar, sem distrações digitais, são medidas que podem ajudar muito a diminuir esses problemas.
A tecnologia está em evolução e é inseparável da vida contemporânea, mas isso não precisa ser um problema. O desafio está em criar uma cultura digital que priorize o equilíbrio, o bem-estar mental e a profundidade das relações humanas. Cabe a nós pais, educadores e profissionais da saúde encontrar a melhor forma de administrar isso!