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Recordando benfeitores e benfeitorias da igreja matriz

Arquivo Nacional do Brasil

O ilustre pindamonhangabense Francisco Inácio Marcondes Homem de Mello, Barão Homem de Mello, foi político, cartógrafo, professor, escritor, poeta e também atuou no jornalismo, sendo colaborador da Tribuna do Norte, Correio Paulistano, revista dos Ensaios Filosóficos, revista do Instituto Histórico e Geográfico Brasileiro e de outras publicações. Eleito, em 1917, para a ABL-Academia Brasileira de Letras, onde seria recebido por Félix Pacheco e ocuparia a cadeira 18, que tem por patrono João Francisco Lisboa, morreu antes de ser empossado…

Ao longo de sua existência o atual Santuário Mariano experimentou significativas melhorias em sua edificação graças à boa vontade cristã de fiéis devotos da Senhora do Bom Sucesso…

Trouxe a Tribuna do Norte em sua edição de 1º/3/1914 matéria referente à colocação de um retrato do Barão Homem de Mello, Francisco Inácio Marcondes Homem de Mello (1837/1918) em dependências da igreja matriz destinada às reuniões. Fato assim comentado pelo jornal:


Causou-nos verdadeira satisfação a notícia de se ter lembrado alguém de colocar no consistório da nossa matriz o retrato do nosso ilustre conterrâneo Barão Homem de Mello, um dos filhos de Pindamonhangaba, que mais honra a terra de seu nascimento”.


O artigo, que iniciava destacando o homenageado pelos “…valiosíssimos serviços prestados ao país, não só nos elevados cargos da administração, como nas letras, salientando-se ali seu caráter nobre e comprovada honestidade, e revelando-se em tantas obras que tem publicado, um escritor de talento, incansável e consciencioso”, aplaudia a iniciativa, afirmando: “Ninguém, pois pode merecer de sua terra, da qual nunca se esqueceu, qualquer tenha sido a posição em que se tenha visto colocado”.


E lembrava aos leitores: “Tendo sido obrigado a passar quase toda sua longa e trabalhosa existência longe da cidade natal, não terá talvez tido ocasião de ligar seu nome aos melhoramentos que nela se tem realizado, mas sua atenção poderosa para a construção da estrada de ferro que ligou São Paulo ao Rio de Janeiro, trazendo vida e animação aos moradores do Vale do Paraíba, que tudo devem a esse empreendimento, há de ser sempre lembrada por quem quiser saber a história do mais importante melhoramento realizado no chamado norte de São Paulo”.


Daí o motivo para que, com sinceridade, todos aplaudissem aquela consagração ao afamado cidadão da Princesa do Norte.

Cidadãos benfeitores

Aproveitava o redator TN para, naquele artigo, para recordar os inúmeros serviços que até ali já haviam sido prestados à igreja matriz. A ideia era que se perpetuassem os nomes dos pindamonhagabenses que mais tinham contribuido na edificação do “majestoso templo”.


Segundo o articulista, com o passar das décadas o povo acabaria por esquecer quem foram aqueles “à cuja iniciativa e força e vontade devemos esse monumento grandioso, e cuja construção talvez que a geração atual não tivesse coragem de empreender”.


Para a Tribuna, a história da igreja matriz era “um atestado da seriedade” com que em outros tempos “… se trabalhava por tudo que interessava ao público”. Por conta disso, reminiscências afloraram naquela edição:
“Possuimos até 1856, mais ou menos no mesmo lugar em que ora se ergue a matriz existente, uma igreja de aspecto aldeão, baixa, construída de taipas, e em condições que não correspondiam absolutamente à importância da nossa localidade, nessa época dispondo de todos os elementos de prosperidade.
Lembrou-se então Monsenhor Ignacio Marcondes de Oliveira Cabral de promover a construção de uma nova matriz, pedindo para isso o concurso de seus parentes e amigos. Ora, a influência e o prestígio do Monsenhor Marcondes eram tais que bastava que ele quisesse para que ninguém se animasse a recusar, mesmo com algum sacrifício, aquilo que para tal fim fosse exigido.
Como meio prático, resolveu o monsenhor promover uma reunião das pessoas mais abastadas da localidade, e lhes expor a ideia que tivera, e o meio de que se tinha lembrado para pô-la em execução, e que era: cada um de seus amigos contribuir, com prestações mensais, com a soma necessária para a construção da nova matriz.
Não precisamos dizer, que dos convidados ninguém deixou de comparecer, mostrando-se muito gratos pela honra que haviam recebido”

Monsenhor Marcondes, querido e respeitado

Conta o jornal que todos concordaram em confiar ao Monsenhor Marcondes as decisões referentes à realização da obra, que poderia ele resolver da forma que entendesse melhor. Confiavam que o plano que aprovasse para o desenvolvimento da missão alcançaria êxito, que poderia o líder religioso “…desde aquele momento dispor de suas bolsas como bem lhe parecesse”.


Escolhendo-se então para tesoureiro ou depositário do dinheiro arrecadado pra tal finalidade o 1º Barão de Pindamonhangaba, “…à vista de cujos recibos seriam pagas as contribuições”, ficou também a cargo do monsenhor Marcondes, “…a deliberação de todas as medidas e contratos que a obra viesse a exigir, ficando também dispensado de prestação de contas”.

(Conclusão na próxima edição de História)

Possuimos até 1856, mais ou menos no mesmo lugar em que ora se ergue a matriz existente, uma igreja de aspecto aldeão, baixa, construída de taipas, e em condições que não correspondiam absolutamente à importância da nossa localidade…”

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