
Em um esforço contínuo para promover a inclusão social e oferecer uma nova chance a pessoas em situação de rua, a Prefeitura de Pindamonhangaba, por meio da Secretaria de Assistência Social, tem se destacado com os serviços de abordagens sociais dentro do Programa Novo Rumo. Esta iniciativa, que combina abordagens humanizadas e suporte integral, tem transformado a realidade de dezenas de pessoas, reintegrando-as à sociedade e devolvendo-lhes a dignidade e a esperança de um futuro melhor.
Implantado no início deste ano, o Programa Novo Rumo não se limita a oferecer abrigo temporário, ele atua na raiz dos problemas que levam à situação de rua, como a dependência química, a falta de documentação e a ausência de perspectivas. Com uma equipe dedicada e estratégias personalizadas, o programa tem alcançado resultados notáveis, conforme evidenciado pelos relatos emocionantes de ex-moradores de rua que hoje celebram uma nova fase em suas vidas.
Desde que foi implantado em março deste ano, o programa já realizou mais de 60 abordagens e resgatou das ruas e dos espaços públicos cerca de 30 pessoas nessa situação.
“O programa opera sob a premissa fundamental de que cada indivíduo é um ser humano que merece ser tratado com dignidade, e que a ajuda oferecida não é imposta, mas sim uma alternativa para uma nova chance”, explicou a secretária da pasta, Andréa Barreto.
A Secretaria de Assistência Social trabalha diariamente para oferecer essas alternativas, garantindo que as pessoas em situação de rua tenham acesso a apoio médico, psicológico, social e, quando necessário, encaminhamento para comunidades terapêuticas ou auxílio-moradia.
“O nosso objetivo não é apenas tirar as pessoas das ruas, mas também proporcionar-lhes as ferramentas e o suporte necessários para que possam reconstruir suas vidas de forma autônoma e digna”, explicou.
Além do impacto direto na vida dos indivíduos, o Programa Novo Rumo também contribui para a revitalização dos espaços públicos da cidade. Ao oferecer soluções humanizadas para a situação de rua, a prefeitura não só devolve a dignidade às pessoas, mas também recupera áreas que antes eram pontos de vulnerabilidade, transformando-as em ambientes seguros e agradáveis para toda a população.
“Quero parabenizar toda essa união de esforços das secretarias de Assistência Social, Saúde, Segurança e Serviços Públicos. A praça central da Cascata, a praça do Japonês, da Estrada de Ferro, embaixo do viaduto, o terreno atrás do INSS e muitos outros espaços foram revitalizados e nós não vamos parar. Esse programa não terá fim, queremos ajudar quem quer ser ajudado e que nossos espaços públicos sejam bem utilizados pelas famílias e para o lazer sadio, não para prática de atos infracionais e obscenos que estavam sendo flagrados”, destacou o prefeito Ricardo Piorino.
Histórias de superação

Giovani da Conceição Pimenta – nova vida após sete anos nas ruas
Um dos exemplos mais tocantes do impacto do Programa Novo Rumo é a história de Giovani da Conceição Pimenta, de 41 anos. Após sete anos vivendo nas ruas, marcados pelo vício em crack e pela exclusão social, Giovani encontrou no programa a oportunidade de recomeçar. Ele relata que a casa onde morava foi perdida devido ao seu vício, e a rejeição no bairro o levou a perambular por diversas cidades, como Roseira, Aparecida, Guará, Lorena, Taubaté, São José, Jacareí, Campos de Jordão e Potim, antes de retornar a Pindamonhangaba.
A virada em sua vida começou após a abordagem da equipe da Secretaria de Assistência Social. “Destaco a persistência e o respeito da diretora Patrícia que me convenceu a aceitar a oportunidade de uma nova vida, com o encaminhamento para uma comunidade terapêutica no município de Taubaté”.
Com o apoio social recebido, Giovani conseguiu reaver seus documentos, como certidão de nascimento e RG, voltou a receber o auxílio do Bolsa Família e na comunidade terapêutica encontrou um ambiente de cuidado e aprendizado, com refeições de qualidade e a oportunidade de se reintegrar através do trabalho.
“Eu comecei a ver o tanto que minha mãe e meu pai sofreram para cuidar bem de mim”, reflete Giovani, que hoje se sente feliz e grato pela mudança em sua vida. Sua mensagem para aqueles que ainda estão nas ruas é clara: “Escutem a palavra dessa pessoa da prefeitura, pois é uma coisa que é para o seu crescimento de vida e mudança e vai dar tudo certo. Confie que eles não vão querer ver o seu mal. Vão querer ver você crescer, pois você está na mesma cidade que eles”.

Orlando Guedes Vera – debaixo do viaduto à dignidade
Outro testemunho inspirador é o de Orlando Guedes Vera, de 54 anos, natural da Paraíba. Orlando passou quase cinco anos vivendo debaixo do viaduto em Pindamonhangaba. Ele autorizou o uso de sua imagem pela prefeitura, afirmando com orgulho: “Autorizo sim porque eu não sou fugitivo. 54 anos, nunca fui preso. Nunca roubei ninguém. Nunca matei ninguém”. Sua história é um exemplo da resiliência humana e da importância do apoio governamental.
Orlando expressa profunda gratidão à Prefeitura pelo auxílio recebido. “Hoje eu tenho um banheiro, chuveiro, cama e sou muito grato pela ajuda que incluiu auxílio-aluguel, permitindo ter uma moradia no bairro do Pinga e hoje consigo fazer meus ‘biquinhos’ (trabalhos temporários) e me sinto feliz e acolhido, com meus cachorros e galinhas aqui do meu lado”.
Sua mensagem para aqueles que ainda resistem à ajuda é um apelo sincero: “Não faça isso (morar na rua). Vocês não imaginam o quanto que é bom sair da rua. Eu não sou santo, mas saí fora desses negócios aí, aceita o que o pessoal da Prefeitura ofertar. Essa vida fácil dá muito trabalho pra sociedade, sendo mal visto, sem confiança e sem dignidade. É melhor vocês pensarem direito e colocar Deus no coração, porque não é bom não”. Orlando é um defensor do Programa Novo Rumo, que ele afirma ter mudado sua vida, e incentiva a todos a valorizarem o trabalho da prefeitura e do programa.

Márcio Bruno – de morador de rua a monitor de comunidade terapêutica
A história de Márcio Bruno é mais um testemunho poderoso da capacidade de transformação do Programa Novo Rumo. Após dois anos vivendo nas ruas, Márcio havia perdido a esperança, a dignidade, o filho, a mulher e o emprego. Ele descreve sua situação como “totalmente deprimente”, sem mais sentido para a vida.
O resgate de Márcio também veio através da psicóloga Patrícia, que o convenceu de que “nada estava perdido” e que ele merecia uma segunda chance. O processo de acolhimento incluiu a passagem pelo Caps para exames, oito dias na UPA para desintoxicação e medicação, onde ele recuperou peso e saúde, até chegar à Casa Nova Vida.
Atualmente, Márcio é monitor da Casa Nova Vida há um mês, e sua missão é acolher os recém-chegados, fazendo por eles o que foi feito para ele. Márcio adota a filosofia de “viver só por hoje”, sem planos imediatos para o futuro, focando em sua recuperação e no apoio ao próximo.
Ele enfatiza a importância da rede de apoio de Pindamonhangaba para moradores de rua e usuários de drogas: “Você que acha que está tudo perdido, que não tem mais solução porque você já perdeu sua própria dignidade, isso não é verdade. Tem pessoas que lutam diariamente para ver o seu bem”.
Ele ressalta a empatia e o tratamento humanizado que recebeu da equipe, que o viu como um ser humano de verdade, e não apenas como um caso a ser tratado. Essa abordagem, segundo Márcio, “faz totalmente diferença”.