A Prefeitura de Pindamonhangaba, através da Secretaria de Cultura e Turismo e do Departamento de Cultura, realiza desde 2019 o Edital de Concurso Cultural “Prêmio Mestre Cultura Viva de Pindamonhangaba”.
O Edital busca instituir uma política de transmissão dos saberes e fazeres de tradição oral em diálogo com a comunidade, para o fortalecimento da identidade e ancestralidade do povo brasileiro por meio de reconhecimento político, econômico e sócio-cultural daquelas pessoas consideradas Mestres de tradição oral. Assim, o Prêmio seleciona, todos os anos, cinco Mestres, sendo estes pessoas com mais de 60 anos, que se reconheçam e sejam reconhecidas por sua própria comunidade como herdeiras dos saberes e fazeres da tradição oral.
Em 2024, foram selecionados como Mestres:
Alarico Correia Leite Filho, Mestre Pintor e Escritor
Mercedes Alves Cardoso Bicudo, Mestre benzedeira, costureira e bordadeira
Brás da Silva Souza, Mestre capoeirista
Catarina Passos Dantas, Mestre do Samba
Izabel Sacramento de Oliveira, Mestre Contadora de Histórias
Escultor, pintor, desenhista e letrista, Alarico Filho concluiu bons cursos teóricos, mas sempre se valeu do autodidatismo, da leitura de grandes autores e da confiança em sua capacidade. Filho de Alarico Correa Leite e Maria Rodrigues, Alarico convive com a arte em sua expressão mais popular desde sempre. Seus feitos tiveram na figura do pai, o grande mestre.
A familiaridade com o Jornal Tribuna do Norte vem de longe. Alarico foi responsável pela coluna esportiva Futebolando, de 1977 a 1983, e dedicou 44 anos de sua vida à Rádio Difusora de Pindamonhangaba, de 1970 a 2007. Seus interesses pelos momentos históricos e as agradáveis reminiscências de sua Pindamonhangaba vão além de fatos. Seu olhar busca as fotos, as ilustrações, para reproduzi-las em óleo sobre tela.
Nascida em 1932, no bairro Bom Sucesso, em Pindamonhangaba, Mercedes aprendeu sozinha aos 8 anos de idade a costurar, bordar e pintar. Se casou aos 21 anos e veio morar no centro da cidade, onde constituiu sua família com 4 filhos, 3 biológicos e 1 de coração.
Em 1958, seu filho Toninho estava com 2 anos, e ele não dormia, chorava muito, ficava nervoso, vomitava. Então, Dona Mercedes, para aliviar os males do filho, pegou um galho de arruda, rezou ao anjo da guarda pedindo para que o libertassem do que o estava acometendo e o protegessem. A partir daí, Toninho nunca mais teve crises e seus vizinhos começaram a chegar em sua casa pedindo reza, onde até hoje, aos 91 anos, continua benzendo todos que a procuram.
Brás, hoje com 77 anos, aprendeu com seu primo e sua avó a capoeira rural aos 10 anos, no interior da Bahia. Aos 14 anos, teve contato e começou a aprender a capoeira com o berimbau, com o Mestre Orlando de Salvador.
Aos 22 anos, veio para São Paulo e foi transferido para Pinda pela CONFAB. Aqui se formou Mestre na arte da Capoeira em Pindamonhangaba, onde ensina vários capoeiristas desde 1979.
Contadora de Histórias e Lendas Folclóricas e de Matriz Africana, disseminando sua cultura e história ancestral, Izabel iniciou suas contações de histórias, declamações e cantigas ainda criança, com sua mãe Leontina, em Pindamonhangaba.
Após sua aposentadoria, passou a compartilhar essas artes com sua comunidade de maneira ainda mais notória. Hoje, aos oitenta anos, continua a criar arte, contar histórias e escrever, além de compor músicas e cantar sobre suas experiências ao longo da vida e seus sentimentos com o avançar do tempo e da idade.
Com uma linda e longa trajetória, Catarina, hoje com 66 anos, mais conhecida como a Madrinha do Samba, é sinônimo de luta e resistência, levando a Bandeira do Samba e toda sua história e tradição.
Sempre atuante nas comissões de carnavais, nas formações de grupos de pagode, em fundações de Escolas de Samba e em eventos carnavalescos, ao longo de mais de 40 anos, conquistou muitos títulos. Foi integrante da Escola de Samba Clube Atlético Pindense, fundada por sua família, e contribuiu com as Escolas de Samba USP, Embaixada do Morro, Unidos do Santa Luzia, Unidos da Fiel e Tradição do Campo Alegre, além de Blocos como Zueira, Amigos do Chacrinha e Terreirão do Samba.