No nosso idioma existem duas palavras que têm a mesma origem latina (“potere”): “Potência” e “Poder”, sendo que a primeira se refere a uma capacidade virtual, futura, de fazer-se, enquanto a segunda nos remete à ideia de capacidade presente de fazer.
O tema PODER, tão instigante e singular, ao longo da História tem conduzido os pensadores a tentar explicar esse fenômeno, entendê-lo, estabelecendo as mais diversas teorias.
O Filósofo Grego Aristóteles (384-322 A.C., assegurava que a felicidade é o fim último da vida humana e que o homem é um animal político) considerava o poder como um elemento natural que está presente nas relações dos animais, sendo que, no ser humano, além de ser um ato de dominação pela força, é um componente por demais importante para que se compreenda as relações sociais. Tempos depois, o Filósofo Italiano Maquiavel (1469-1527, autor de “O Príncipe”, o qual acreditava que os fins justificam os meios) entendia que o poder é o principal componente da política e, segundo a sua opinião, a atitude política tem como escopo conquistar e manter o poder a qualquer custo.
Já o Filósofo Alemão Friedrich Nietzsche (1844-1899, crítico das morais tradicionais, especialmente a cristã, autor de “Assim falou Zaratustra”) nos traz a ideia de que o poder é uma força natural que leva a vida adiante, e é essa vontade de dominação que possibilita o mundo movimentar-se.
Outro Filósofo, sociólogo e economista alemão Karl Marx (1818-1883, defensor da abolição da propriedade privada, autor de “O Capital”), enxerga o poder como um jogo de dominação política existente na humanidade, que vem de remotas eras oriundas do choque entre classes diferentes, o que se tornou claro com o desenvolvimento industrial.
Também no século XX, vamos apreciar os tipos de poder segundo o Filósofo Italiano Norberto Bobbio (1909-2004, defensor da Democracia Social-Liberal, crítico dos regimes autoritários, defensor da tolerância e da não-violência, autor de “O Futuro da Democracia”):
1 – Poder Econômico, o qual é exercido por quem tem propriedade privada (terra, dinheiro e bens) e exerce influência sobre os que nada possuem.
2 – Poder Ideológico, o qual é estabelecido por aquele que pode influenciar as massas, seja no âmbito midiático ou religioso.
3 – Poder Político, o qual é exercido pelas Instituições normalmente vinculadas ao Estado, podendo ser legítimo (concedido pelo voto popular, por exemplo) e ilegítimo quando é usurpado pela dominação de certas classes e até pessoas (o que ocorre nas ditaduras).
Cremos ser importante citar o entendimento desse assunto palpitante de outro grande Filósofo Francês – Michel Foucault (1926-1984), cuja obra é marcada por crítica às Instituições e suas análises sobre a relação de poder, conhecimento e subjetividade — para quem o poder refere-se a uma relação que se estabelece na contemporaneidade entre as pessoas e as Instituições, que ele denomina de “microfísica do poder”, visto que, para ele, o poder deixa de ser central e dissolve-se entre os homens por meio de diversas relações, não sendo, portanto, exercido somente pelo Estado.
Uma vez feitas essas considerações, surge uma relevante pergunta: como conviver com o poder, seja no papel de quem o exerce, seja no papel de quem é a ele subordinado?
Na nossa modesta ótica, quem o exerce tem que ter humildade, equilíbrio emocional, evitar a soberba e o medo de decidir, empatia, visar o bem coletivo e exercer uma liderança humanizada mostrando consistência entre o discurso e a ação. Por outro lado, quem está subordinado deve buscar o autoconhecimento, não se submeter a situações humilhantes de assédio ou opressão, lutar pelos seus direitos inalienáveis, mantendo a individualidade e dignidade.
Não esqueçamos de que tudo passa: os poderosos e os humildes, os atos edificantes e o terrorismo moral, restando apenas o eco das boas ações em prol do próximo.









