
leitora voraz de livros e já participou de vários concursos literários
Há tempos que não vejo pessoas nas janelas como antigamente, de manhã, ao abrir a janela para dizer bom dia aos que passavam na rua; à tarde, para dizer boa tarde e conversar com a vizinhança; ao entardecer, para ver o sol se pôr; e à noite, para admirar a lua.
Hoje, o que vemos são pessoas “enclausuradas” em suas casas, na sala, no quarto ou em outro lugar, em frente à telinha, caladas e de cabeça baixa, a cutucar um visor de cristal líquido. Parece que a janela perdeu seu significado, seu encanto.
Nas novas construções, as janelas são pequenas, apertadas, diminutas; nas construções mais antigas, eram altas, grandes, que se abriam para o mundo. Deparei-me com a seguinte cena hoje pela manhã: ao abrir “minhas” janelas, como faço todas as manhãs, as janelas dos prédios e casas vizinhas estavam fechadas e assim permaneceram durante todo o dia, caladas, imóveis, sem vida.
Surgiu a dúvida: o que estaria acontecendo com aquelas janelas, outrora alegres, vivas, coloridas, com pessoas sorridentes e flores no beiral que enfeitavam as ruas das cidades? Onde foram parar as conversas ao pé da janela, os flertes e os namoros?
Mas as janelas continuam ali, a testemunhar os acontecimentos externos e internos. Umas se revestem de vidro, outras com cortinas. Enfim, a janela, que tanto faz em nossa vida, trazendo o sol para dentro de casa, a brisa suave da manhã e o luar na noite quente.
Quantas vezes, você, janela, serviu de apoio para os cotovelos daqueles que, ali, se perdiam em pensamentos e devaneios. Ficar ali quietinha, debruçada na janela, só admirando a paisagem, quanta paz me traz ao amanhecer, ver o sol nascer; durante o dia, admirar o céu azul e os pássaros; ao entardecer, ver o pôr do sol; e, na noite de lua cheia, “tomar banho de lua.”
Janelas, janelas, janelas…