Durante o passar dos meses e anos, temos vários períodos de promessas, aquelas que temos a certeza de que não serão cumpridas em sua grande parte: as dos políticos em época de eleições e as nossas, que fazemos normalmente neste período de festas natalinas, pois estamos mais sensíveis pelo Natal nos trazer memórias afetivas. As primeiras não temos domínio sobre elas e os que as fazem, mas sobre a segunda é nossa responsabilidade total o cumprimento ou não delas.
Mas por que estou trazendo este tema em uma coluna de voluntariado? Simples. Nesta época, temos uma avalanche de pessoas que não só prometem a si que farão trabalho voluntário, mas, da mesma forma que se inscrevem em academias, grupos de regime e outras atividades, se inscrevem também em organizações sociais prometendo realizar atividades voluntárias.
Mas isso não é bom? Sim, é. Então qual o problema? O problema é que, como nas academias, regimes e outras, acabam iniciando o ano e não as cumprem. Mas por quê? Não sei responder por cada um, mas, na maioria das vezes, são atropelados pelo dia a dia e se esquecem momentaneamente do que prometeram na época natalina. Muitas festas, muita choradeira, emoção à flor da pele, gratidão, arrependimento, tudo nos leva a promessas.
Chega janeiro, começa o tormento dos primeiros meses do ano com contas, velhas e novas, instabilidades normais de início de ano, carnaval, entre tantas outras coisas que voltam à normalidade. Acaba que somos levados pela onda e, quando percebemos, já estamos em abril e aquelas promessas ainda não conseguimos colocar em prática.
“Mas mês que vem eu começo.” Vem maio, junho, férias escolares e o ano passa como um trator sobre nossas vidas. E, quando vemos, já estamos nós fazendo novas promessas sem ter sequer começado a realização das do ano anterior, quiçá a de dois ou três anos antes.
Exagero? Não, realidade. Aproveitando que hoje escrevo minha coluna em Pernambuco, lembro um grande escritor, Ariano Suassuna: “O otimista é um tolo. O pessimista, um chato. Bom mesmo é ser um realista esperançoso.”
Sou este realista, que ainda crê no ser humano e em nossa capacidade de reverter tudo aquilo que criamos ou destruímos. Façamos nossas promessas, mas que cumpramos pelo menos parte delas que afetam aos nossos próximos.