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Para que o texto floresça

Ricardo Estevão é escritor, jornalista, professor de redação e membro da Academia Pindamonhangabense de Letras

Aproximam-se os principais vestibulares do País, dentre eles, o Enem (Exame Nacional do Ensino Médio), que, este ano, conta com quase quatro milhões de inscritos e acontecerá nos dias 5 e 12 de novembro. Criada em 1998 para ser um “termômetro” do Ensino Médio, a prova é hoje a maior porta de entrada para universidades públicas e particulares, daí sua indiscutível relevância.

Tão desnecessário quanto discorrer sobre a complexidade do exame, seria sublinhar que a pontuação obtida na redação é fundamental para a aprovação, afinal, uma ótima nota (900+) é a meta de milhões de candidatos. De acordo com o INEP (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira), no último Enem, apenas 5,4% dos alunos conquistaram essa marca – e somente 19 alcançaram a tão sonhada nota 1000.

Diante disso, não custa salientar: é preciso se preparar para a redação.

Por essa razão, esta coluna foi criada para trazer dicas e informações sobre a redação do Enem, a qual, embora possua também seu grau de complexidade, distingue-se por sua estrutura fixa e amplamente conhecida, o que aumenta as chances de sucesso do candidato. que, além de conhecer tal composição, conta com uma boa orientação acerca das exigências do gênero textual dissertativo-argumentativo e escreve semanalmente sobre variadas pautas da atualidade.

Nesse sentido, é interessante começar esta série de orientações com uma breve reflexão acerca dos quatro verbos essenciais para todo aquele que precisa escrever bem – ações que o indivíduo precisa incorporar ao seu dia a dia com naturalidade e, ao mesmo tempo, disciplina. São eles: querer, ver, ler e escrever.

Para escrever bem, é preciso querer – o que vale, aliás, para tudo na vida. Parece clichê, mas é válido reforçar: o querer abre portas, impulsionando a ação e favorecendo resultados.

No entanto, é claro que só querer não basta: para aprimorar-se na escrita de textos e mesmo ter o que escrever, impõe-se a necessidade de ver – observar e enxergar o mundo ao redor, o outro e a si mesmo. Isso é mais amplo e profundo do que pode parecer. O escritor português José Saramago afirma na epígrafe do romance “Ensaio sobre a cegueira”: “Se podes olhar, vê. Se podes ver, repara”. Ora, o discurso dissertativo-argumentativo exige um olhar acurado sobre as problemáticas sociais brasileiras da atualidade.

Além de querer e ver, o sujeito que precisa escrever (sua própria história) precisa ler (a história dos outros). Como alguém já disse, ler é aprender olhando literalmente. O indivíduo serve-se do saber do outro para ampliar o seu saber. Ler é essencial para a ampliação de vocabulário e repertório sociocultural, além de organizar o pensamento e refinar a alma.

Por fim, para escrever bem, a pessoa precisa… escrever! É a prática que conduz à excelência, eliminando dúvidas e erros, sedimentando saberes. Numa doce alusão a “Amar se aprende amando”, título de um dos livros do poeta Carlos Drummond de Andrade, “escrever se aprende escrevendo”. Portanto, na preparação para a redação do Enem, vale colocar em prática os verbos querer, ver, ler e escrever. Não pode faltar nenhum deles – ainda que a escassez de tempo seja um empecilho da vida moderna, cumpre admitir. Mas isso faz lembrar um poema de Manoel de Barros em que o eu lírico se compara a um rio, que encontra seu belo caminho, inevitavelmente, entre as pedras. Ora, escrever também é assim: necessidade que se impõe, entre pedras e sorrisos (sim, há muitos deles), para que o texto, lá na frente (no dia do Enem), floresça – com naturalidade e primor.

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