Nos últimos anos, os parâmetros que eram considerados “normais” para a pressão arterial passaram por algumas atualizações importantes. Valores que até 140/90 mmHg eram frequentemente tratados como aceitáveis para grande parte da população. O que antes era considerado “normal”: valores de “12x 8” mmHg agora são classificados como pré-hipertensão. Diretrizes mais recentes passaram a considerar pressão normal aquela abaixo de 120/80 mmHg, enquanto níveis acima disso já acendem um sinal de alerta para risco cardiovascular. Mas afinal, por que esses valores diminuíram e o que levou a medicina a ser mais rigorosa?
A Diretriz Brasileira de Hipertensão Arterial 2025, foi elaborada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia, em conjunto com a Sociedade Brasileira de Nefrologia e Sociedade Brasileira de Hipertensão, revisou os limites da pressão arterial. O objetivo foi aumentar o alerta precoce, pois estudos científicos de grande escala mostraram que mesmo valores antes considerados normais já podem estar associados a maior risco de doenças cardiovasculares, como infarto e AVC. Ou seja, a faixa considerada “pré-hipertensão” já estava associada a danos reais ao organismo.
O aumento das doenças crônicas: da obesidade, sedentarismo, estresse e má alimentação contribuíram para que valores antes considerados toleráveis passassem a ser de risco. Evidências científicas recentes apontam que danos ao coração, cérebro e rins podem começar em níveis mais baixos do que se acreditava. A melhora nos métodos de diagnóstico hoje em dia, conseguem detectar alterações sutis na pressão arterial.
A hipertensão é um dos principais fatores de risco para infarto e acidente vascular cerebral (AVC), responsáveis por alta mortalidade no Brasil. A reclassificação busca estimular hábitos saudáveis e acompanhamento médico antes que o problema se instale.
A hipertensão é chamada de “doença silenciosa”, pois muitas vezes não apresenta sintomas, até que um dano sério já tenha ocorrido. Pressão arterial elevada provoca sobrecarga no coração, que precisa trabalhar mais para bombear sangue para o corpo. O aumento constante da pressão danifica gradualmente o endotélio, que são as paredes internas dos vasos sanguíneos, favorece a aterosclerose (placas de gordura). Com o tempo, esse esforço constante provoca rigidez arterial, dificultando ainda mais o fluxo sanguíneo. Isso reduz a circulação adequada e aumenta o risco de entupimentos e rupturas. Esses danos são cumulativos e muitas vezes irreversíveis, reforçando a importância do diagnóstico precoce e do acompanhamento contínuo.
Quando não controlada, a hipertensão pode causar infarto agudo do miocárdio, AVC, insuficiência renal crônica, insuficiência cardíaca, aneurisma, complicações na visão, dentre outras.
A nova diretriz não pretende alarmar, mas orientar para a prevenção. A redução dos parâmetros da pressão arterial não é um “exagero” da medicina moderna, mas uma forma de preservar a saúde ao longo da vida. Quanto mais cedo identificamos e tratamos a hipertensão, menores são os riscos de complicações graves. Manter hábitos saudáveis, aferir a pressão regularmente e buscar orientação profissional são passos fundamentais para viver mais e melhor.








