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O SUMIÇO DE SUMIÇO Impróprio para maiores de 10 anos

A primeira coisa que Aninha fez ao acordar foi procurar o Sumiço, o cachorrinho que vivia sumindo dentro de casa. Ela espiou debaixo do cobertor e debaixo da cama.

— Manhê! Paiê, cadê o Sumiço?

O pai já havia saído para trabalhar. A mãe, que também não estava em casa, deixou um bilhete: “Fui ao supermercado. Volto logo”.

Aninha não quis esperar a mãe voltar. Impaciente, foi procurar na sala, na cozinha, no banheiro. Procurou no guarda-roupa, na geladeira, no fogão, nos armários, na estante, e em mais um montão de lugares. Infelizmente, não encontrou o cachorrinho.

Com o coração apertado, decidiu perguntar aos vizinhos.

— Dona Clotilde, a senhora viu o Sumiço?
— Chouriço? Eu não gosto de chouriço.
— Sumiço, Dona Clotilde. Su-mi-ço — berrou a menina.
— Ah, sim. Sumiço.
— A senhora o viu?
— Talvez, sim. Talvez, não. Como ele é?
— Ele é deste tamanhinho. Tem quatro patinhas, duas orelhinhas, dois olhinhos, rabinho e narizinho.
— Que tipo de coisa é esse tal Sumiço?
— Ele é um cachorrinho, dona Clotilde.
— Cachorrinho? Só se for de raça raríssima. Tenho noventa anos e só conheço cachorro com focinho. Com nariz, não conheço nenhum.

Aninha ficou irritada. A velhinha opinou:

— Será que ele não tomou chá? Chá de… sumiço.

A velhinha riu tanto da própria piada que a dentadura pulou para fora da boca. Aninha não achou graça e, para não ser malcriada, deu as costas, atravessou a rua e foi perguntar em outras casas. Infelizmente, ninguém sabia do paradeiro de Sumiço.

A criançada da rua resolveu ajudar, perguntando na vizinhança toda; porém, ninguém sabia do cachorrinho. Aos prantos, a menina decidiu voltar pra casa, e esperar sentada na calçada.

A criançada foi com ela, tentando animá-la: “Ele vai aparecer”. “Já postei nas redes sociais. Daqui a pouco alguém dará notícia dele.” Nada do que diziam fazia Aninha estancar o choro.

Dona Diva voltou minutos depois, e perguntou à filha:

— Que choradeira é essa, Aninha?
— O Sumiço, mãe. O Sumiço sumiu.
— Ele não sumiu, minha filha. Venha comigo.

Foram até o quintal. No varal havia camisetas, calças, meias, saias, vestidos e… Sumiço, o cãozinho de pelúcia, pendurado pelas orelhas. Ele estava muito encardido e precisava de banho.

Proseando

Maurício Cavalheiro
Maurício Cavalheiro
Maurício Cavalheiro é um escritor e trovador brasileiro, natural de Pindamonhangaba, São Paulo. Ele é conhecido por suas obras na forma de trova e também por sua coluna "Proseando" no jornal Tribuna do Norte. Além disso, é membro da Academia Pindamonhangabense de Letras, da União Brasileira de Trovadores (UBT) e da Academia Brasileira de Sonetistas (ABRASSO).
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