
O poema de Joviano Homem de Mello, publicado em Tribuna do Norte em 15 de janeiro de 1922, faz parte da série “Amarguras Ridentes”, explorando o paradoxo da alegria aparente e do sofrimento interno do palhaço.
A obra reflete sobre o riso como máscara da dor, um tema clássico na literatura e na arte, especialmente na figura do palhaço, que diverte a plateia enquanto oculta suas próprias angústias. O poeta descreve um riso que, ao mesmo tempo, esconde e revela a tristeza do personagem. Inicialmente, acredita que o palhaço ri de maneira indiferente, mas logo percebe que esse riso esconde um pranto silencioso.
A dualidade entre riso e pranto se intensifica ao longo do poema, destacando como o sofrimento do palhaço se traduz em uma alegria incompreendida pela multidão. Há um jogo de opostos na construção poética: o coração do palhaço é comparado a um “bronze que se tange”, onde o riso e o pranto se alternam e se confundem. Quando ele ri, há um choro oculto; quando chora, há um riso que ecoa nos cantos.
Essa ambiguidade reflete não apenas a condição do palhaço, mas também uma reflexão mais ampla sobre a natureza humana e a arte do espetáculo. O poema sugere que, muitas vezes, aqueles que fazem os outros rirem carregam as dores mais profundas, escondidas sob a máscara da alegria.