Tenho certeza, caro leitor, que ao menos um dia da sua vida você já teve uma experiência deste sintoma, desta sensação, ou ainda aprendeu a conviver com ela no seu dia a dia. Mas se eu te perguntar sobre a sua dor, você saberia defini-la? Saberia me dizer qual a sua sensação? A intensidade dela?
Afinal o que é dor? Por definição, dor é uma experiência sensitiva e emocional desagradável associada ou relacionada a lesão real ou potencial dos tecidos. Essa definição foi dada recentemente pela IASP, que é uma sociedade internacional que estuda a dor. No Brasil também temos uma sociedade de pesquisa da dor que é a SBED. Ainda sobre a definição, a dor é uma sensação onde cada indivíduo aprende a utilizar esse termo através das suas experiências anteriores.
Portanto a dor é uma experiência sensitiva ou emocional, onde não quer dizer que há necessariamente uma lesão tecidual. E realmente isso se mostra verdadeiro por exemplo na perda de um ente querido. Dizemos sentir uma dor no peito, pela falta da pessoa, pela impossibilidade de vê-la novamente entre nós, mas o que fica no peito é a “dor da saudade”, mas não uma lesão.
A classificação de dor torna-se vasta, pois pode ser classificada pelo tempo da sensação, sendo aguda ou crônica (quando ocorre uma dor em seu início ou quando essa dor perdura por mais de 72 horas respectivamente); classificada pela fisiologia sendo neuropática, nociplástica, nociceptiva ou mista; pode ser superficial ou profunda; pode ser visceral, dentre outras tantas formas que temos de classificar.
Mas por que estou falando sobre a dor hoje? Acho interessante o tema, pois diariamente escuto queixas de pacientes quanto a sua dor, quanto a sua definição, quanto a sua sensação, quanto a sua forma e região e o mais interessante são a várias maneiras que podemos definir essa mesma sensação. A sensação de dor pode ser do tipo queimação, uma ardência, uma pontada, uma agulhada, uma facada, uma torcida, dentre outras tantas maneiras de descrevê-la. Mas o interessante é que nem sempre onde há dor, há uma lesão, ou se há, nem sempre quer dizer que a sensação se deve por determinado fato.
Buscamos sempre um porquê das coisas, e muitas vezes não é possível dizer a causa daquele desconforto, se foi decorrente de uma lesão que teve. Costumamos dizer que ela é idiopática ou devido a uma sucessão de fatores.
Pensemos a seguinte situação: toda pessoa que tem desgaste na cartilagem do joelho sente dor? Todo mundo que tem desgaste na coluna vertebral ou hérnia discal sente dor? Por que alguns tem e outros não? Humm, essa é uma reflexão que poderíamos passar horas conversando, mas o que podemos dizer é que a dor se deve a uma reunião de fatores, desde a falta de hidratação correta, a falta de um descanso noturno adequado, a falta ou excesso de exercício físico, uso de álcool, tabagismo, diabetes descontrolada, dentre outros. E se nosso lado emocional não estiver bem, também podemos potencializar ou sentir dor? Sim. Se tivermos com emocional abalado, a dor pode ser aumentada por diversos fatores, desde a baixa da imunidade, por exemplo. A dor emocional é causada por gatilhos que acabam, por fim, gerando dores físicas. Nesse quesito podemos exemplificar a fibromialgia, que é provocada por estresse e questões emocionais, onde tem-se uma dor generalizada, que inclui sensação de fadiga e dificuldade para dormir. O estresse, a tristeza podem desencadear inflamações que se não tratadas podem se agravar.
Com tudo isso, tentamos educar o paciente com sua dor, a fim dele minimizar os efeitos que esta tem sobre ele. Trata-se de uma técnica de neurociência, onde educamos o paciente a não exagerar suas sensações.