A referência deixada pelos importantes grupos que reativavam e encantavam a cena do teatro pindense no período em que estamos nos situando, o fim do século XX e início do XXI, proporcionou o surgimento de vários novos grupos de jovens interessados no fazer teatral. Hoje eu vou falar de um deles, o Grupo Teatryonne.
Em 2003, por iniciativa da direção da Escola Yonne Cesar, foi formado com seus alunos o Grupo Teatryonne. Todos sem nenhuma experiência teatral anterior. O principal objetivo foi o de despertar nesses alunos o interesse pela cultura e pelo exercício de atividades artísticas, desenvolvendo suas aptidões, proporcionando-lhes a possibilidade de mostrar seus talentos, melhorar sua autoestima e conscientizá-los da sua condição de cidadãos, tornando-os aptos a exercer essa função de cidadania e afastá-los de atividades que pudessem ser nocivas à sua formação.
Montou-se, então, o espetáculo “O Caminho dos Reis”.
Com a baixa disponibilidade de recursos financeiros para produzir a construção do aparato cênico, utilizou-se do reaproveitamento de materiais como roupas em desuso, redes e cortinas velhas, bonés de propaganda, capacetes de segurança desativados, tampas de embalagens, garrafas plásticas e doações de materiais fora de uso feitas por amigos, parentes e simpatizantes. Enfim, fazia-se o que queria a partir do que se tinha.
O resultado foi a confecção de um equipamento cênico altamente criativo, colorido e extremamente alegórico. Era acompanhado por uma sonoplastia, pontuando as cenas, baseada em música regional e cantigas que eram entoadas pelo próprio elenco.
O principal objetivo da criação do grupo foi para que participassem do Festival de Teatro Gianfrancesco Guarnieri, promovido pela Secretaria de Estado da Educação, com a participação de grupos estudantis do Estado de São Paulo, onde passariam por três fases eliminatórias: Municipal, Regional e Estadual.
Essa participação rendeu ao grupo o terceiro melhor espetáculo do Estado entre mais de 800 trabalhos.
Com o sucesso do projeto, no ano seguinte, 2004, montou-se um novo espetáculo.
Como contraponto ao primeiro trabalho, que foi baseado na cultura popular, com o objetivo de mostrar outro lado da arte, escolheu-se “A Flauta Mágica”.
E essa obra musical, com seus aspectos fascinantes — a história quase infantil, que raramente chega às crianças, e a música que há 200 anos fascina os adultos — levou-se ao jovem que, até então, não tinha tido nenhum contato significativo com o universo da música erudita, para conhecer a vida e obra de Amadeus Wolfgang Mozart, um dos gênios da história universal.
O espetáculo é concebido com o objetivo de ter na ópera de Mozart não só o pano de fundo, mas de ser a representação teatral da ópera. O libreto, uma alusão à maçonaria, na montagem tem o objetivo de mostrar os dois grandes poderes que regem as relações humanas: o bem e o mal.
O grupo participou de diversos festivais de teatro ganhando vários prêmios.
Em 2005, com o objetivo de continuar dando diferentes experiências ao elenco, resolveu-se mostrar um outro lado da arte teatral: o teatro infantojuvenil. A peça “O Parque Radiante da Floresta Luminosa”, adaptação livre da obra de Jorge Amado “O Gato Malhado e a Andorinha Sinhá”, foi montada.
Como nas montagens anteriores, o visual alegórico e o reaproveitamento de materiais reafirmaram o lema “faça o que quer a partir do que tem”.
Em 2006, a última obra do Teatryonne foi concebida sobre o conto “O Bode”, vencedor do III Concurso “Conto e Poesia” Pindamonhangaba – 2004. Apropriando-se de personagens das músicas regionais e/ou folclóricas, cantadas ao vivo pelo elenco, o texto recria-os como personagens da peça.
Depois disso, o Teatryonne resolveu desvincular-se da Escola Yonne e formar um grupo autônomo, o “Anti-horário”.









