Joca Pacho trabalhava no oitavo andar, no escritório de uma grande empresa. Os colegas de trabalho haviam-no apelidado de bajulador, lambe-botas e puxa-saco, pois, pelo menos uma vez por mês ele presenteava o diretor com vinho importado.
Certa vez, ao ouvir a secretária dizer que o “patrão” estava com vontade de comer pamonha, correu ao mercado e comprou uma vintena de milhos para, à noite, produzir a iguaria. No dia seguinte, chegou antes de todos e deixou a embalagem sobre a mesa do diretor. Assim que soube que fora Joca Pacho quem lhe trouxera as pamonhas, só faltou beijá-lo… na boca.
A inveja explodiu. Em reunião secreta, os colegas decidiram destruir o bajulador. Euclidiana, do almoxarifado, foi escolhida para executar o plano porque todos sabiam que Joca Pacho nutria amor platônico por ela.
Naquela tarde, propositalmente, se encontraram no corredor.
— Joquinha. Você sabia que o diretor vive dando em cima de mim? Eu não aguento mais. Preciso dar uma lição nele. Se você danificar o carro dele, eu saio com você. O que me diz?
Naquela noite, Joca Pacho elaborou o plano. Para ser exitoso, desligaria as câmeras do estacionamento e se disfarçaria de mulher. E assim foi feito. No intervalo do café da tarde, ele desceu com mochila, entrou no banheiro do estacionamento e se fantasiou. Impulsionado pelo ciúme, riscou toda a lataria do carro, quebrou vidros, lanternas, e murchou os pneus. Sem pingo de arrependimento, voltou à sala e se sentou diante do computador como se nada tivesse acontecido.
Ao fim do expediente, o diretor comunicou:
— Queridos colaboradores. Pelo cumprimento das metas do semestre, decidi sortear um prêmio. Trago dentro desta sacolinha, o nome de cada um de vocês. E para a lisura do sorteio, vou chamar alguém de outro departamento.
O diretor viu Euclidiana na sala, anotando pedidos de materiais de expediente.
— Você pode nos fazer a gentileza de sortear?
Ela enfiou a mão na sacolinha, mexeu, remexeu e tirou um papelzinho.
— Pode ler o nome do sortudo ou da sortuda, por favor?
— O nome é…
Ela ficou boquiaberta, paralisada por alguns segundos.
— … Joca Pacho.
Imediatamente, o diretor abraçou o felizardo e lhe mostrou o chaveiro.
— Aqui está a chave do seu prêmio. Decidi sortear o meu carro entre vocês, pois comprei outro.
Joca Pacho bambeou e desmaiou.
Fim do expediente. A faxineira, ao recolher o lixo, tombou o cesto do diretor. Vários papelinhos de uma sacolinha se esparramaram pelo chão. Curiosa que era, leu um por um. Em todos estava escrito o mesmo nome: Joca Pacho.