Dezembro chegou e, com ele, aquela trilha sonora onipresente de sinos, a polêmica da uva passa no arroz e aquela súbita vontade de ser uma pessoa melhor.
É o chamado “espírito natalino”, esse fenômeno anual que amolece até o mais ranzinza dos corações.
Entre uma confraternização da firma e a escolha do peru, o desejo de se tornar voluntário brilha mais que os pisca-piscas da árvore da sala.
“Este ano eu vou fazer a diferença”, a gente pensa, com o peito cheio de boas intenções.
O grande problema é que esse ímpeto, muitas vezes, tem uma data de validade cruel: o dia 31 de dezembro.
Quando os fogos pipocam no céu e o espumante sobe, a promessa de ajudar o próximo costuma ser soterrada pelas metas pragmáticas de “fazer academia”, “economizar dinheiro” ou “aprender um novo idioma”.
O voluntariado acaba virando aquele enfeite de Natal temático que a gente guarda cuidadosamente na caixa de papelão.
Hoje, a tecnologia é nossa aliada.
Temos plataformas que funcionam como um “match” do bem, conectando suas habilidades às necessidades de ONGs sérias.
Você pode ler para idosos, ajudar na gestão financeira de uma pequena causa, passear com cães de abrigo ou até mentorar jovens profissionalmente de forma remota.
O “pulo do gato” para que esse desejo não se perca entre as festas animadas de janeiro e o Carnaval é a organização.
Não trate o voluntariado como uma “sobra” de tempo, mas como um compromisso.
Se você consegue reservar duas horas na semana para maratonar uma série ou rolar o feed das redes sociais, você consegue dedicar esse mesmo tempo para impactar a vida de alguém.
O serviço voluntário com bons resultados não precisa de holofotes; ele precisa de presença.
Quando você se dispõe a servir, você não está apenas entregando algo, está construindo uma rede de humanidade que torna a cidade e a vida mais suportáveis para todos os envolvidos.
Que em 2026, a sua vontade de ajudar não seja apenas um “post” de rede social no dia 25 de dezembro.
Que ela sobreviva às festas, que ela ganhe espaço na sua agenda e que ela se torne o seu melhor hábito.
Afinal, o presente mais valioso que você pode dar — e, com certeza, receber — não vem embrulhado em papel de seda.
Ele vem em forma de tempo, ação e propósito.
Vamos tirar essa vontade da gaveta?









