Leitora voraz e frequentadora de bibliotecas, na bela manhã de primavera, estava eu a procurar um livro do grande Monteiro Lobato. Mais especificamente, o intitulado “Reinações de Narizinho” seria uma releitura. Para minha surpresa, quando andava pelos corredores da biblioteca, avistei em frente a uma estante com nada mais nada menos do que “Monteiro Lobato”. Pisquei várias vezes, esfreguei os olhos, mas ele continuava lá, justamente em frente às prateleiras de livros escritos por ele. Sou certa que ele estava mais velho, com cabelos e sobrancelhas brancas, um pouco diferente daquele Monteiro Lobato que eu estava acostumada a ver em fotos antigas em branco e preto. Pensei: — seria uma jogada de marketing da biblioteca? Para fazer os frequentadores lerem e conhecerem os livros do autor tão famoso?
Neste momento voltei no tempo. Me vi sentada no terraço do sítio, com o livro “Reinações de Narizinho” na mão, lendo e viajando por sua história. Me sentia como que fazendo parte das aventuras de Narizinho, a boneca Emília, Pedrinho, tia Anastácia, Dona Benta, Visconde de Sabugosa e tantos outros personagens do Sítio do Pica-Pau Amarelo. Me encantei pela história desde o começo, fiquei mais encantada ainda, pois o nome da Narizinho era Lúcia.
Para mim, ler um livro é como embarcar em uma viagem por mundos coloridos, fantásticos e encantadores. Sempre foi assim, desde pequena, quando “pego” um livro para ler me desligo de tudo e caio de cabeça na história. Fui apresentada às obras de Monteiro Lobato pelo meu querido pai. A maior obra de Monteiro Lobato foi “Sítio do Pica-pau Amarelo”, com 23 volumes. As aventuras passadas no Sítio do Pica-Pau Amarelo atravessaram gerações e marcaram o imaginário coletivo.
Voltei à realidade e fui me aproximando da estante onde estava o “Monteiro Lobato”. Ele me cumprimentou sorrindo e entregou-me um livro (Reinações de Narizinho) e saiu andando pelo corredor. Fiquei imóvel, olhando para aquele senhor se distanciando.
Fui até a bibliotecária e perguntei quem era aquele senhor parecido com Monteiro Lobato. Ela me respondeu sorrindo que se tratava de um sósia do Monteiro Lobato e que toda semana vinha até a biblioteca e oferecia um livro “dele” para os frequentadores. Voltei para casa, com “meu” livro e com a imagem do grande Monteiro Lobato.