Era uma manhã de outono, a chuva caía suavemente, dando um toque poético e melancólico às ruas. Entrei na cafeteria, onde toda quarta-feira e sexta-feira “bato ponto”, uma cafeteria acolhedora, onde o aroma do café promete conforto e aconchego. O calor das luzes amareladas contrastava com o cinza do dia lá fora. As mesinhas de madeira escura e as cadeiras convidativas davam ao ambiente um ar nostálgico. O som da chuva batendo nas janelas criava uma sinfonia relaxante e isso convidava os clientes a relaxarem.
Dei bom dia para o Ricardo e Soninha. Sentei-me no cantinho de sempre, Claudinha logo perguntou: “- um expresso e um pão de queijo?” Olhei para o enorme quadro de giz que anunciava “cafés especiais”. Eu disse: “- hoje não. Vou experimentar o “café da fazenda” e o mesmo pão de queijo. Curiosa para descobrir qual seria o sabor do café da fazenda fiquei no meu cantinho.
Enquanto aguardava senti o aroma rico e envolvente do café, que começava a se misturar com a suavidade da chuva. O aroma de café no ar, me deixava com mais vontade de tomar aquele café. Minha xícara chegou! Ao dar o primeiro gole, o sabor robusto do café especial da fazenda invadiu meu paladar, trazendo consigo a doce lembrança das manhãs preguiçosas na varanda da fazenda de minha tia.
Aquela simples xícara de café transportou minha mente para longe da cidade agitada e me levou de volta às férias na fazenda de café da tia Leonor. Eu estava de volta às férias na fazenda de café, perdida nas lembranças. Era como se cada gole fosse uma jornada sensorial, transportando-me diretamente para aquele lugar mágico onde eu e minha prima andávamos de bicicleta pelo terreiro de secagem do café e corríamos livremente com borboletas entre os pés de café ora floridos ora com aqueles grãos perfumados.
O tempo parecia desacelerar. Enquanto eu me aquecia naquela cafeteria, um pequeno refúgio, percebi que, mesmo em uma manhã chuvosa de outono, era possível encontrar o calor reconfortante e aconchego das memórias em uma simples xícara de café. A cada gole, eu me perdia nas lembranças e nas histórias que as folhas molhadas e o aroma do café me contavam, e por um breve momento, naquele dia, a cidade cinzenta desaparecia, dando lugar a um universo de recordações ensolaradas e coloridas da fazenda.