A Academia Pindamonhangabense de Letras é a instituição literária mais longeva do Vale do Paraíba. Criada pela lei 664 de 18 de dezembro de 1962, sua primeira diretoria foi constituída e empossada em 7 de setembro de 1964, sob a presidência de Hilda César Marcondes da Silva.
Ao longo dessas seis décadas, a APL salvaguardou e difundiu a história e a cultura de nossa cidade, e, graças ao seu informativo NHEENGATU-MIRIM, temos hoje o registro de grande parte de seus movimentos: discursos de posse de acadêmicos, saudações ao ingressante, artigos de opinião, textos poéticos e literários, dentre outras preciosidades.
Por que “NHEENGATU-MIRIM”? O nome do informativo foi cunhado pelos acadêmicos Dr. Francisco Piorino Filho e Dr. Aníbal Leite de Abreu, presidente e vice-presidente, respectivamente, da diretoria da APL em meados da década de 1990. “Nheengatu” significa em tupi-guarani “escrever corretamente” e “mirim” quer dizer “pequeno”. Em síntese, é escrever certo em um informativo de tamanho pequeno.
Esclarece-nos José de Souza Martins, professor titular do Departamento de Sociologia da USP, que “o nheengatu, também conhecida como língua geral, é a verdadeira língua nacional brasileira”. O nheengatu foi desenvolvido pelos jesuítas nos séculos 16 e 17, com base no vocabulário e na pronúncia tupi, que era a língua das tribos da costa marítima, tendo como referência a gramática da língua portuguesa, enriquecida com palavras portuguesas e espanholas. A língua geral foi usada corretamente pelos brasileiros de origem ibérica, como língua de conversação cotidiana, até o século 18, quando foi proibida pelo rei de Portugal. Mesmo assim, continuou sendo falada.
As páginas em tamanho A4 do NHEENGATU-MIRIM (variam de 4 a 8) contêm informações da APL nos moldes de um jornal de grande porte: na primeira página, apresentação das notícias; no canto esquerdo da página 2, o editorial; e nas demais, fatos e fotos das sessões solenes, além de outras colunas que, não sendo frequentes, intercalam-se a cada edição: Noticiando, Trovas, Poemas, Sonetos, Crônicas, Tirinhas de Humor, Concursos Literários, Aniversariantes, Avisos da Diretoria, Programação, Convites e Propagandas.
Casas de comércio – Cimento Piorino, Erk Magazine, Supermercado Excelsior, Restaurante Gramado, Gold Finger, Saframa Imóveis, dentre outras – contribuíram com as impressões do informativo bimestral que, mesmo com os poucos recursos financeiros da entidade, eram veiculadas em papel couchê, com as cores vermelho e cinza para destacar títulos e textos.
Poucos sabem, mas a maior parte das despesas de impressão do NHEENGATU-MIRIM eram custeadas pelo próprio Dr. Piorino, que nunca mediu esforços para difundir a história e a cultura de Pindamonhangaba!
O expediente do jornal é composto pelo presidente, diretor, secretário, editor, diagramador e colaboradores. Destaco a dedicação do jornalista Altair Fernandes Carvalho que, durante todos esses anos, foi seu editor, trabalho dispendioso e não remunerado, por amor à história da APL e à Pindamonhangaba.
Graças ao espírito de arquivista do Presidente de Honra da APL, Dr. Francisco Piorino Filho, temos encadernadas duas coleções completas do NHEENGATU-MIRIM – uma em sua biblioteca pessoal e outra disponível para consulta na Biblioteca Pública Municipal Vereador Rômulo Campos D’Arace.
Graças ao NHEENGATU-MIRIM, temos parte da história e da memória da APL salvaguardadas! Assim, cumprimos a missão primeira de uma Academia de Letras: enriquecer a compreensão da língua portuguesa e cuidar para que “a última flor do Lácio, inculta e bela” floresça na alma dos poetas e escritores de nosso tempo!