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Jornal Tribuna do Norte

Na Tribuna de outros tempos

A página de história desta edição recorda acontecimentos curiosos e algo cômicos ocorridos na Pindamonhangaba de antigamente.


Lugar de árvore é no mato

Iniciamos com uma publicação do jornal Tribuna do Norte de 8 de julho de 1906. Trata-se de um papo irônico endereçado, talvez, à administração municipal que acabava de suceder a do Dr. Francisco Romeiro, médico conhecido como Dr. Francisquinho, que em seu governo teria se preocupado em arborizar o centro da cidade já naquele início dos anos 1900. Ao contrário de seu sucessor…

“- Ora, muito bem! Daqui a pouco tempo ficamos livres delas. Não há de custar muito para desaparecerem todas, todas. E há de ser um descanso. Só então não ouviremos mais as queixas enfadonhas dos eternos incontentáveis. Estão por pouco para desaparecerem todas, para ficarem completamente extintas, sem deixarem vestígios.

  • O que? As saúvas?
  • Não, as magnólias que ornamentam nossas avenidas e largos; as palmeiras do Largo do Rosário, que estão sumindo a olhos vistos. E que acabem logo, que são coisas que só servem para incômodos e massadas. Aquele Dr. Francisquinho também tem cada uma! Mandar arborizar a cidade! Árvores no mato, que é o lugar delas. Perfeitamente, dissemos nós.”

O som que incomodava

Na edição de 16 de setembro de 1906, a Tribuna publica uma reclamação endereçada ao intendente (prefeito) solicitando ao mesmo que se atentasse para “o chiar de carros de bois no centro da cidade”. É difícil acreditar que alguém se sentisse incomodado com o chiado, a poética e algo melancólica cantiga produzida pelo carro de boi devido ao atrito do “cocão” sobre o eixo. O carreador cuidava para manter bem lubrificado com sebo de boi ou, na falta deste, com sabão azul, para que seu carro chiasse mais e melhor, isto é, “cantasse mais afinado”.

Imagine se esse povo descontente vivesse hoje — morreria torturado com o “chiado”, barulho infernal e nada poético, promovido pela abertura e adulteração do escapamento das motocicletas que circulam dia e noite.


Ficou sem casa pra morar

Esse fato poderia até ter sido inspiração para um dos bons filmes do cineasta e ator Amácio Mazzaropi. Aconteceu em 1918. O jornal Tribuna (25/8/1918), com o título “Incendiário – vingança torpe e covarde!”, assim noticiou o ato criminoso:

“Joaquim Moreira da Silva, vulgo Joaquim Leonel, no bairro do Mandu, neste município, tendo uma velha inimizade com João Jeronymo, velho de sessenta anos, morador do mesmo bairro, resolveu vingar-se do mesmo do modo mais covarde e mais perverso imaginável.

Na noite de quinze do corrente, às 9 horas mais ou menos, quando João Jeronymo dormia em companhia de dois filhos seus, Joaquim Leonel aproximou-se de sua casa, que é coberta de sapé, e lançou fogo ao teto. Em poucos minutos a casa ardia e o pai e seus filhos saíam do interior tontos pelo fogo e pela fumaça. De nada lhes valeu tentar apagar o fogo, que reduziu a casa a escombros, além de queimar todos os móveis, roupa, tudo enfim, deixando o pobre velho e seus filhos apenas com a roupa do corpo.

A delegacia de polícia, tendo conhecimento do fato, processou Joaquim Leonel e pediu a sua prisão preventiva, que foi concedida pelo digno dr. Juiz de direito da comarca. Joaquim Leonel foi preso e recolhido à prisão com incurso no Art. 130 do Código Penal.”


O noivo e o burro

Esse foi o título que o então redator da Tribuna, na edição de 6 de outubro de 1918, deu à notícia referente ao cidadão que quis se suicidar, mas acabou se casando…

“José Benedito tinha seu casamento contratado para sábado passado, e, não tendo dinheiro para o fausto de tão solene acontecimento, lembrou-se de vender um burro, como anda escrito em um verso, numa quadrinha popular. Acontece, porém, que o burro que ele queria vender não era de sua propriedade e o legítimo dono, ciente da trapaça, agarrou o José Benedito pela gola do casaco… à luz clara do dia e em plena avenida Tibiriçá.

O esposando então, ante a rudeza deste gesto, sentiu toda a imensa indignidade do ato que ia praticar, levado pela privação de sentidos ante o seu eminente casamento. Caindo em si como quem cai das nuvens, ficou possuído de tal vergonha, que atravessou a lâmina dum canivete na garganta.

Houve então grande reboliço e reuniu-se enorme multidão à roda do suicida ali caído enquanto o telefone na delegacia, aflita, pedia socorro. A polícia acordou e acudiu correndo. Tirou o canivete da garganta do José Benedito e levou-o à presença do delegado. Este começou olhando o canivete cuja lâmina não tinha mais que uma polegada de comprimento e depois olhando para o suicida, achou-o com tão pouca cara de defunto, que mandou trancafiá-lo no xadrez.

Não parou aí a história de Zé Benedito. No dia seguinte, com um claro sorriso no seu rosto de ébano, apareceu ante o delegado a noiva do mal-aventurado suicida, vestida para o ato solene, de véu e de grinalda, reclamando o noivo, pois era o dia marcado para sua maior felicidade.

O delegado, sem dizer palavra, mandou tirar o suicida do xadrez e o entregou à noiva…

E o noivo, enquanto seguia para a pretoria, ia certamente dizendo aos seus botões, desoladamente: — fugi do suicídio pelo canivete, mas de certo não o escapo pelo casamento — que sina!”

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