Ao longo da História, a mídia tem influenciado e transformado o comportamento de toda sociedade, sobretudo no que se refere à sexualidade. Nos dias atuais, assistimos um verdadeiro bombardeio cotidiano de filmes, programas televisivos concebidos tão somente para o consumo, longe de cogitar e refletir no processo emancipatório do ser humano. Dessa maneira, presenciamos um triste e lamentável evento: nesse furacão de informações, a sexualidade infelizmente adquire um caráter quantitativo, passando a mídia a integrar um processo massacrante e impiedoso da industrialização do sexo.
Essa famigerada indústria, em nome da informação e da “Educação Sexual”, dá origem a pseudo carências, ofertando meios falaciosos para satisfazê-las. E o que acontece? Tudo isso passa a se refletir no comportamento sexual de jovens que iniciam a sua atividade sexual precocemente, sem um processo reflexivo, tendo como consequência os altos e alarmantes índices de gravidez precoce não desejada e de aborto na adolescência. Os sentimentos de humanização e afeto foram relegados a um segundo plano. E, assim, as crianças e os jovens, com essa enxurrada de músicas, filmes, novelas, comerciais que chegam até o seu horizonte existencial, constroem conceitos errôneos sobre sexualidade e seu significado. Haverá alguma saída?
No nosso entender, somente a verdadeira EDUCAÇÃO pode promover essa mudança de paradigmas. A Escola é o lugar adequado para tal fim. Todo tema sobre sexualidade, desde que relevante e de interesse do corpo discente, deve ser trabalhado com vistas a dar espaço a reflexões e desmistificar tabus. Assuntos como relações de gênero, relações familiares, corpo humano, gravidez, aborto, valores, entre outros, devem ser colocados em discussão.
De longa data, defendemos a construção de uma Filosofia, um pensar sobre o assunto, para crianças e jovens, com a finalidade de que eles percebam o caráter da sexualidade na nossa sociedade e como ela se transforma em um importante valor qualitativo. Repito: a tão propalada Educação Sexual tem que passar por esse “PENSAR”, cuja finalidade é construir para a libertação do ser humano, visto que os questionamentos, com toda certeza, irão auxiliar os jovens, em especial, no que diz respeito a viver sua sexualidade de forma mais prazeirosa e integrada, considerando o afeto e respeito mútuo como possibilidades de sua afirmação como sujeito na procura do encontro consigo e com o outro.
Portanto, o FILOSOFAR é questionar, buscar luzes, manter o raciocínio aberto, apontar novas maneiras de ver, perceber e compreender o complicado mundo em que vivemos, marcado por diferenças sociais, misérias e conflitos. Que os nossos Mestres, a quem devem ser ofertadas todas as condições para esse processo mencionado, sejam os protagonistas, sejam valorizados, antes que se instale a barbárie total. A “Pátria da Chuteira” tem que ceder lugar à “Pátria da Educação”! Não há outra saída!