
Médico, mestre e doutor pela USP, Magister ad Honorem da
Universidade de Bolonha, visitante das universidades de Bonn,
Munique, Colônia e Berlim. Professor convidado da Universidade de
Paris V (Sorbonne)
Um dos fenômenos mais estudados na atualidade é o envelhecimento da população em todos os quadrantes do nosso planeta.
Na Grécia antiga, Homero, poeta épico, autor da “Ilíada e Odisséia”, associava a velhice à sabedoria. E Sócrates, conhecido filósofo, afirmava que “para indivíduos prudentes e bem preparados, a velhice não constitui peso algum”. O filósofo Aristóteles, por sua vez, ressaltou que a Cultura é o melhor conforto para a velhice, significando que essa fase da vida é um símbolo da sabedoria, uma vez que da experiência da vida bem vivida emergem o aprendizado edificante e a Cultura que dela derivam.
Platão, outro sábio grego, tenta nos confortar, ao nos garantir que, nessa fase etária, nos seres humanos surge sempre um imenso sentimento de liberdade e de paz. Já nos tempos modernos, o psicanalista suíço Sigmund Freud nos assegura que cada ser humano envelhece do seu próprio modo, e que é de fundamental importância considerar a singularidade de cada velhice para que seja proporcionado ao idoso o bom aproveitamento da fase em que se vive.
Nesse contexto, convém ressaltar o que nos ensina a célebre filósofa francesa Simone de Beauvoir, que sempre criticou a construção social da desvalorização da velhice, insistindo que essa fase da nossa vida seja encarada com grande valor. No entanto, o filósofo alemão Arthur Schopenhauer nos chama a atenção para o fato de que, ao se aceitar a natureza transitória da existência e encontrar significados em aspectos mais profundos e transcendentes da vida, os seres humanos, possivelmente, irão encontrar consolo entre as limitações impostas pelo envelhecimento.
Uma vez feitas essas rápidas considerações filosóficas, é de suma importância considerar que o limiar da velhice não está atrelado à questão de uma idade fixa e definida, mas a um conceito mais abrangente e que leva em consideração diferentes fatores como a Cultura, Classe Social e Nível de Desenvolvimento do País.
O certo é que vivemos uma realidade cruel, triste e diferente com o descaso e desrespeito para com os nossos idosos! A mídia mostra isso todos os dias! O escândalo e roubo na Previdência Social, em que milhões foram saqueados das contas dos nossos idosos, envergonha o nosso país que clama por justiça e rejeita veementemente a impunidade dos criminosos envolvidos.
Que Políticas Públicas são adotadas no nosso país, que visem a promoção da saúde do idoso, a sua segurança e bem-estar e a participação ativa na sociedade? O que tem sido realizado pela sociedade como um todo, em prol do idoso, para que ele realmente viva a “melhor idade”, essa denominada perspectiva otimista e hipócrita sobre envelhecimento?
Os cidadãos brasileiros, antenados com o bem, têm por obrigação encarar esse desafio de inclusão verdadeira do idoso, nesses tempos do “aqui e agora”, nesse Brasil desigual, nessa sociedade que olvida o SER MAIS e se entrega ao TER MAIS, que relega ao esquecimento quem tanto fez pelas gerações: pais de famílias, profissionais dignos e honestos, que tanto contribuíram para o crescimento da nossa Nação!
E não basta viver mais, mas viver bem, com saúde e qualidade, numa situação em que os seus sagrados direitos sejam concedidos e respeitados!