O mercado de trabalho no Brasil surgiu em concomitância com a consolidação e expansão do atual modelo capitalista, focado em acelerar os processos produtivos com o menor esforço humano possível. Após a abolição da escravatura no Brasil em 1888 e o aumento dos fluxos imigratórios vindos da Europa entre 1889 e 1930, o país se abriu para o capitalismo global por meio do mercado de trabalho, que incluiu os chamados “libertos” e imigrantes como os primeiros assalariados da nação.
Seguindo a evolução das teorias econômicas, estamos atualmente em um contexto que reinterpreta a teoria clássica, na qual a remuneração é determinada pelo empregador, com a ideia de que os funcionários podem obter salários melhores por meio de um desempenho excepcional, mas sem garantia de emprego permanente. Isso cria uma cultura global de excesso de trabalho, com os trabalhadores muitas vezes sentindo a necessidade de exceder as horas de trabalho estabelecidas para atender às metas de produtividade e inovação definidas pelos empregadores, a fim de alcançar promoções salariais e reconhecimento profissional.
Contrapondo essa lógica de trabalho como centro da vida, em destaque na sociedade ocidental, está o conceito de “Quiet Quitting” ou “demissão silenciosa”, que ganhou notoriedade nas redes sociais em 2022. Isso se traduz na discordância com a intensificação do trabalho, defendendo a realização estritamente do básico no exercício da função. Por um lado, a demissão silenciosa é vista como uma forma de preservar a saúde mental e cumprir apenas o que está estritamente definido na descrição do cargo. Por outro lado, existem preocupações sobre a falta de comprometimento, produtividade e inovação, que podem se assemelhar a uma negligência no trabalho, justificando demissões por justa causa.
No Brasil, há otimismo na sociedade devido à recuperação da economia e do mercado de trabalho em comparação com os anos anteriores. A taxa de desemprego caiu para 7,7% no terceiro trimestre de 2023, com um aumento de empregos formais. No entanto, durante o ano de 2022, mais de 6 milhões de trabalhadores pediram demissão de seus empregos, demonstrando desafios significativos para os profissionais de Recursos Humanos, que precisam atuar de forma preventiva na identificação das causas de demissão, a fim de reduzir o absenteísmo e a rotatividade de funcionários.
Em resumo, a prática da demissão silenciosa pode ser identificada por meio de sinais como queda na produtividade, falta de entusiasmo em atividades de equipe, comunicação escassa e menor dedicação às tarefas. Os profissionais de Recursos Humanos devem agir rapidamente quando esses sinais são detectados, avaliando a cultura organizacional e a eficiência dos processos de trabalho. Isso permite a implementação ou revisão de políticas de reconhecimento, capacitação e desempenho, bem como a criação de Planos de Desenvolvimento Individual (PDI) para cada colaborador, contribuindo para o sucesso da empresa e o bem-estar dos funcionários no mercado de trabalho atual.