Comentam sobre minha alegria quando o assunto é escola (com tudo o que esse universo envolve). Costumam admirar-se com meu entusiasmo – chego a dar uns pulinhos ridículos, animadíssimo. Pareço bobo, eu sei. Bem, o fato é que a educação me deixa assim mesmo. Neste texto, reflito sobre possíveis explicações para todo esse entusiasmo.
Será que fui um aluno que amava escola? Sim! Será que sempre admirei meus professores, mesmo aqueles que lecionavam disciplinas que pouco conversavam comigo? Sim. Será que buscava obter as melhores notas e me alegrava muito com elogios das professoras? Sim e sim.
Tudo isso, sem dúvida, contribuiu para a existência deste professor tão alegre, empenhado em sempre provar ao aluno que aprender é algo feliz, afinal, triste é não saber, não conseguir resolver uma questão, ficar perdido, sem direção ou consolo. Mas há outras razões, claro – e uma principal, que estou guardando para depois, em nome do suspense. Oh, será este um texto de suspense?
Outra explicação está em algumas conexões que procuro manter no dia a dia, obtendo êxito frequentemente, amargando insucessos às vezes. A primeira delas é com o Sagrado – a gente precisa de Pai, Mãe, Colo, um modo de consolar-se e não perder a esperança. Outra conexão é com a natureza: como é bom saber-se parte do planeta, ligando-se a seus elementos naturais (somos elementos naturais também!), respeitando seus limites, amando seus encantos, com carinho e gratidão! Sério, amo árvores, rios, o sol nascendo, a chuva caindo, animais sorrindo, amoras madurinhas…
E ainda podemos citar outras duas conexões imprescindíveis – e que rimam com abraço e amor: a família e os amigos, aqueles com quem sempre podemos contar!
Note: estou falando de fontes de energia, de forças capazes de espantar a tristeza e a desesperança. E há outra muito importante: acreditar no que você faz, amando o que você faz e os envolvidos nisso, ou seja, aqueles que tornam sua ação possível – colegas de caminhada e missão – e os beneficiados nessa aventura: você mesmo, seu aluno, sua escola, sua cidade, seu país, o mundo! Acredito na força da educação, no poder da leitura, nesses temas sobre os quais vivo escrevendo.
Deixei o melhor para o final! Sabe o que mais me anima a ser professor? O que mais me alegra? O que me faz acordar sempre renovado, ciente de que, apesar das dificuldades, tudo pode ser melhor? Lá vai a resposta: é a certeza de que na escola eu tenho os… meus alunos! São eles a principal fonte de energia da gente, a melhor explicação para nosso entusiasmo: emanam tanta vida, tanta esperança, tanta força! São promessas de tanta coisa boa, de um mundo mais leve e bonito, inclusive.
São possibilidades, pontes para Terabítia, Nárnia, Hogwarts, Terra-média… e para este nosso mundo! Ah, não posso deixar de citar outra fonte poderosíssima: os livros! Não consigo viver sem eles! Pobre de mim se não os tivesse em minha vida. A propósito, José de Alencar escreveu, em O tronco do ipê, que “a alma do homem carece para expandir-se, do elemento de que se criou: salsugem do mar, ou aroma agreste”. Tudo a ver com natureza, com certeza – e tudo a ver com o que vivo atualmente, morando no sítio onde nasci e cresci. Mas o pensamento pode ser associado a todas as paisagens agradáveis da infância.
Gente, quem de nós não viveu momentos inesquecíveis numa escola na aurora de sua vida? Enfim, tudo isso me faz muito feliz!
E você, já pensou em ser professor?