
Antes de realizar qualquer empreendimento em solo brasileiro, é necessário verificar se naquela área há vestígios históricos do nosso passado, conhecidos como sítios arqueológicos. Eles são patrimônio cultural protegidos por lei, com o objetivo de preservar e conhecer nossas raízes. Em Pindamonhangaba e no Vale do Paraíba não é diferente. Recentemente foram e estão sendo realizadas pesquisas em nossa cidade para conhecer nossas raízes históricas e conservá-las, para não correr o risco de serem perdidas no tempo.
“O patrimônio arqueológico, conhecido ou não, como por exemplo material enterrado e ainda não identificado, pertence à União, é um bem de todos, da nação brasileira e é protegido por lei (e.g., Decreto Lei n° 25, de novembro de 1937; Lei n° 3924 de 26 de julho de 1961; Art. 216 Constituição Federal de 1988)”, como nos explicou Renato Kipnis, com quem conversamos para falar sobre os estudos arqueológicos aqui de Pindamonhangaba. Ele atua há 20 anos com arqueologia consultiva em licenciamento ambiental e é o arqueólogo responsável pelas pesquisas. As pesquisas são desenvolvidas por Renato e por uma equipe composta por arqueólogos e auxiliares que atuam em campo, laboratório e gabinete.
“As pesquisas mostram que a região do Vale do Paraíba foi ocupada por diferentes grupos indígenas ao longo de milhares de anos, primeiramente grupos de caçadores-pescadores-coletores e, mais tarde, por grupos horticultores e ceramistas relacionados a três tradições arqueológicas: Aratu, Tupiguarani e Itararé-Taquara. Estas populações deixaram suas marcas no ambiente, os sítios arqueológicos, onde foram encontrados objetos e instrumentos de seu uso diário e simbólico, como artefatos em rochas, fragmentos de panelas de barro e cemitérios. Além desta população indígena, também foram identificados sítios classificados como históricos, ou seja, locais ocupados a partir do século XVI por populações com grande influência europeia ou africana e que deixaram restos de louças, metal, vidros, estruturas construtivas, entre outros”, acrescentou o arqueólogo.
Além dos sítios arqueológicos do período pré-colonial – em tempo mais recuado associado às sociedades nômades que viviam de caça, coleta e recursos silvestres; e mais recente por sociedades sedentárias que tinham como fonte principal de sua subsistência o cultivo de plantas domesticadas como a mandioca e o milho – destacam-se, também, os sítios arqueológicos do período histórico. Em Pindamonhangaba, mais especificamente no Ribeirão Grande, há remanescentes de estruturas do período histórico, estruturas de alvenaria de tijolos e pedras; antiga moradia da Sra. Benedita Emília Bicudo de Siqueira Salgado Lessa, Viscondessa de Paraíbuna.
“O patrimônio cultural identifica e fortalece a sociedade. Os sítios arqueológicos são locais onde grupos formadores da sociedade atual e do passado se estabeleceram, viveram, se relacionaram com outros grupos e com o meio ambiente, deixando resquícios de uma história que, na maioria das vezes, não há registros escritos. Preservar os sítios arqueológicos é preservar a nossa história e memória e de muitos que não estão mais em nossa sociedade, mas que nos deixaram como herança grande parte de nossos hábitos, da nossa alimentação e do nosso vocabulário”, explicou Renato, sobre a importância dessas análises e estudos históricos para a sociedade.