
Galopo nos compassos deste verso
que Deus fabrica em mim, não sei mais como,
e, saboreando o sumarento pomo,
descubro a polpa rara do universo…
E vou rompendo nébulas, imerso
na asperidão das sílabas, que domo
sentindo-me gigante e também gnomo,
tão eu e ao mesmo tempo tão diverso…
Cavalgo a face negra do mistério
de crina chamejante, olhar etéreo,
sorvendo o cintilar dos estelários…
Os meus caminhos aonde irão, não sei,
mas vou tendendo, pelo que passei,
a rumos cada vez mais solitários!
Eno Theodoro Wanke, Tribuna do Norte, 14 de junho de 1970