A música, em um conceito “strictu sensu”, é a arte de mostrar, exprimir com sinceridade as emoções através do som. Para os antigos gregos, funcionava como uma segunda língua. Uma música pode ser analisada, em termos gerais, pela transmissão de valores, sejam religiosos, sejam de ideologias ou até mesmo como valor de troca ao ser comercializada.
Não há a menor dúvida de que a Filosofia, tendo como uma das suas grandes finalidades penetrar profundamente nas essências que habitam as coisas e o ser humano, por meio dela nos sensibilizamos profundamente com o movimento das emoções que fazem parte do nosso processo existencial. ARISTÓTELES (384-322 A.C.), discípulo do Filósofo PLATÃO, afirmou que a música representa ou “imita” as emoções. Entretanto, pouco sabemos (se é que sabemos) como ela soava no seu tempo.
No que concerne às emoções, é importante lembrar que somente no século XVII os criadores da ópera começaram a especular acerca da música como fonte da expressão emocional. E, foi a partir do século XVIII que a música instrumental emergiu como um gênero de grande importância e como o principal gênero musical a ser considerado na Filosofia da música.
Para o Filósofo Grego Sócrates (470-399 A.C.), a música representa emoções. Em um trecho da sua obra “CRÁTIO”, ele apresenta o nome “Musa” e a palavra “Música” como originárias do mesmo termo grego: “Môsthai”, que quer dizer “perquirir”, “desejar” e “amor à sabedoria” (Philosophia). Ele relata que, muitas vezes na vida, teve sonhos recorrentes que o incitavam a compor música, porque a Filosofia era a música mais nobre para ele. No seu livro “FEDRO”, o Mestre colocava no mesmo nível o Filósofo, o amante da beleza e o possuidor de natureza musical.
A música, no entender de outro Filósofo grego, PLATÃO (427-347 A.C.), é um meio mais poderoso do que qualquer outro, porque o ritmo e a harmonia têm sua sede na alma. Considerava a música um dom divino e afirmou que não é a técnica, a arte ou a ciência que torna o poeta capaz de cantar. Para ele, os poetas cantam porque são inspirados e possuídos pela inspiração que vem da musa. Por esse motivo, os poetas que colhem o néctar-melodia nas flores dos jardins das musas e trazem até nós são comparáveis aos oráculos e aos profetas. Ele mostra isso detalhado em diálogos, em especial, na sua monumental obra “REPÚBLICA”.
Nos tempos modernos, o excepcional Filósofo alemão NIETZSCHE (1844-1900) em “CREPÚSCULO DOS ÍDOLOS” escreveu: “Sem a música, a vida seria um erro”. Considerava que ela se constitui uma tríplice iniciação: iniciação à felicidade, à vida e à Filosofia. E, ele prossegue: “A música torna o espírito livre das asas do pensamento”. Afirmava com todas as letras (ele adorava e conhecia profundamente as músicas do compositor WAGNER) que a música é alegre, a alegria é musical. Claro que existem certamente músicas que conduzem à nostalgia, à tristeza, o que ele não levava em consideração, visto que, no seu entender, a alegria para ser plena precisa de um crucial ingrediente de dor. E, não é isso que apreciamos na história dos compositores, em especial, da nossa música popular brasileira e nos tangos do inesquecível Carlos Gardel?
Enfim, a música nos aproxima do Divino! Salve a música! Salve os músicos de todos os estilos e de todas as épocas!